quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um brinde ao ponto de ônibus.


Sim, você deve odiar ficar no ponto de ônibus, esperando o seu ônibus que demora uma eternidade para passar, do lado de gente que você nunca viu. Eu também odeio. Mas o ponto de ônibus merece um brinde, devido ao destaque em nossas vidas no dia-a-dia e por ser um dos lugares mais engraçados e onde você ouve as melhores histórias.
Você, cansado após sair de seu trabalho ou escola, ou ainda não muito desperto ao pegar o ônibus de manhã não repara em tudo que acontece no ponto e não pára para conversar com as pessoas a seu lado. Tente.
Observe a fila da carrocinha de pipoca, ou do cara que vende amendoim, que existem normalmente perto dos pontos de ônibus. Eles faturam. A fila não pára de crescer e ele não pára de vender. Na minha próxima vida serei pipoqueiro.
Observe todos os ônibus parando e pessoas embarcando e desembracando. São pessoas diferentes e cada uma tem uma história para nos contar. Dou uma dica: se o seu ônibus está demorando, pergunte à pessoa ao lado as horas e assim você iniciará uma conversa.
E foi assim, que aos poucos fui conhecendo o operário de fábrica que havia xingando o patrão, a dona de casa que reclamava do abuso dos preços, a senhora que me disse que naquele horário os motoristas são todos lerdos, o cara "meio" louco que fica apitando todas as noites para os ônibus saírem do ponto depois de um certo tempo, o cara que vende churrasquinho e o garçom que trabalhou 8 anos no Rio de Janeiro e hoje trabalha em um restaurante de Juiz de Fora.
E assim, as próprias pessoas te apresentam outras e contam histórias de sua vida. Muitas engraçadas, muitas tristes. O garçom, trabalhou no rio na 4x4. Só aí já comecei a rir. Contou-me do cara que bebia duas garrafas de Johnnie Walker Red Label por dia. Do jovem que tirava a roupa toda vez que ficava bêbado no bar, e das mulheres lindas que ele via todo dia no trabalho, mas eram lésbicas. Do grupo de três mulheres, que numa noite de terça-feira pagaram uma conta de R$269,00 no bar. O mesmo garçom me apontou um jovem de boné vermelho, que segundo ele estava totalmente tonto no dia anterior no ônibus, sob efeito de entorpecentes.
As pessoas contam sobre seus filhos, seus trabalhos, seus sofrimentos. E vemos que temos muito mais semelhanças do que imaginávamos. Algo nos une, além da espera por um ônibus.
O ponto de ônibus é sim, um espaço de igualdade. Todos que ali estão: brancos, negros, gordos, magros, bonitos, feios, mais ou menos calejados e sofridos são impressionantemente iguais. E por ser assim, o ponto de ônibus merece um brinde. Vida longa aos pontos e suas histórias.

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