sábado, 25 de julho de 2009

Cel. Sarney

45 anos. Desde 1964, o país conviveu com grupos extremamente opostos no poder. A esquerda de João Goulart, a extrema direita dos governos militares, o neoliberalismo de Fernando Henrique e o assistencialismo de Lula. Mas, uma coisa coexistiu durante todos esses 45 anos: o apoio de José Sarney a quem quer que esteja no governo. As denúncias de nepotismo são somente a ponta de um iceberg, que é a vida política do Senador Sarney.
Sarney é, na verdade, um remanescente dos coronéis da República Velha. Com a morte de ACM, talvez seja o último presente no Senado Nacional. Manda e desmanda no estado do Maranhão. Controla até a mídia local, sendo dono das principais emissoras de TV do estado. Sua filha, Roseana, é a atual governadora.
Apesar de mandar e desmandar no Maranhão, José Sarney é senador pelo Amapá. Sim, embora a relação dele com o Amapá seja tão íntima quanto a que tenho com Barack Obama.
45 anos sempre ao lado da situação. Se ninguém nunca entendeu, hoje é capaz de fazê-lo: Sarney precisou empregar filhos, netos, namorados de netas durante todo esse tempo. Claro, sem concurso público, e muitas vezes em funções desnecessárias.
Sarney deve renunciar à presidência do Senado. Não para que evitê-mo-lo ou para evitar seus atos (secretos e publicados), esses continuarão. Afinal, acontença o que acontecer, ele continuará apoiando quem estiver no poder e estará no poder. Sua renúncia à presidência da Casa deve servir para a moralização do Senado Brasileiro, para que se evitem episódios lamentáveis, como as declarações infelizes do presidente Lula chamando os senadores de "pizzaiolos" e a publicação de uma revista inglesa chamando o Senado Brasileiro de uma "Casa de Horrores". Não estão errados, embora sejam ofensivos.
Sarney não precisa de todos esses ataques (justos, diga-se de passagem). Como homem público, sábio, (é membro da Academia Brasileira de Letras), deveria renunciar. Em no máximo 2 anos, estaria de volta aos holofotes, como já fez várias vezes ao longo desses 45 anos. Conseguiria sugar o que quisesse fora da presidência do Senado. Infelizmente, seria assim, embora não queiramos acreditar.
Se seu sucessor será um problema também, ainda saberemos. Entretanto, arrumamos a Casa resolvendo um problema de cada vez.