domingo, 21 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal

Todo o ano é a mesma coisa. Natal, Papai Noel, presentes, abraços, mensagens festivas. Mas quem inventou o Natal?
Quem narrou primeiro a história de um menino nascendo numa manjedoura há mais de 2000 anos? Quem fez isso? Prendam-no. Ele deu asas pra que criassem uma mentira na qual bilhões de pessoas acreditam hoje.
Não, não estou falando se Jesus realmente existiu, se ele era filho de Deus ou não. A crença é livre, acreditem no que lhes faça bem. E se alguém conseguir provas de que alguma religião esteja certa, queime-as por favor. Se provares que ele não era Deus então, queime o mais rápido possível. Todas as religiões e também os ateus estão corretos.
Mas inventaram essa data. Fazer o quê? Não comemorá-la? Tolice. A data é bonita. O problema foi tudo que inventaram junto com ela.
Inventaram a mentira que esse deveria ser o grande tempo de reconciliação, tempo de amor, de paz, de presentear aqueles de que nós gostamos. Tudo muito bonito. Mas esqueceram dos outros 364(5) dias do ano.
E cada vez o mundo se deteriora. Culpem o Natal. Só seremos realmente felizes quando nos reconciliarmos o ano inteiro, quando nos amarmos o ano inteiro, quando tivermos paz todos os dias do ano, sem exceção.
Quanto aos presentes, não ligo pra eles, queria apenas esse: amor. Não vamos nos prender a datas. Temos 365(6) dias, por que tudo isso tem que acontecer em um só?
E a mensagem de natal?
Amem-se mais. O resto é consequência.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vai com Deus, 2008. Seja bem-vindo, 2009.

Todo final de ano as pessoas costumam fazer uma retrospectiva do que aconteceu. Bom, nesse blog não será diferente. Mas vale fazer a retrospectiva das postagens do blog, se o que previmos deu certo ou deu errado.

A primeira postagem foi só apresentação, relembraremos mais tarde. Depois, em janeiro falamos sobre o futebol. E acertamos a maioria das previsões. O São Paulo, bem, foi conduzido ao título pela arbitragem, mas acertamos ao dizer que não tinha o mesmo brilho dos anos anteriores. Acertamos ao prever um ano de vacas magras para o Santos e um ano feliz para o Palmeiras. Mas o maior acerto, foi a decepção vascaína. Que vivam bem na Segunda Divisão!
Depois, falamos dos desconhecidos da eleição americana. No final, vitória daquele que era o de ascensão mais meteórica: Barack Obama. Agora, ficam os votos para que ele não seja apenas o primeiro presidente negro dos EUA, mas um dos melhores presidentes que aquele país já teve.
Depois, tratamos de dois temas polêmicos: a questão penitenciária e a violência no trânsito. A primeira, sem solução. A segunda, com um projeto aprovado ao longo do ano, a Lei Seca. De início foi uma maravilha, mas depois... voltou tudo ao que era antes: acidentes e mais acidentes, feridos e mais feridos, mortos e mais mortos.
O ano foi passando, fevereiro se foi, o Carnaval passou, com mais um título duvidoso da Beija-Flor, bem, detalhes.
No início do ano, Hamilton foi alvo de racismo, relatado aqui. No final, terminou como o campeão mais jovem da história da F1, após um GP do Brasil alucinante, no qual o piloto inglês conquistou o título apenas na última curva.
Ângela Bismarchi fez suas plásticas, reconstruiu seu hímen. Espero que o marido dela tenha feito bom proveito. Vai saber...
Preta Gil processou o Google, o Google lucrou mais e tudo ficou numa boa. Mas ainda acho que aquele "atriz" ficou meio mal.
Uma coisa mudou. Ou não. 49 anos depois, Fidel renunciou e deixou seu irmão no lugar. No fim, a ditadura continuou.
O fato triste foi que eu continuei freqüentando os pontos de ônibus. Novas histórias é claro, vieram, mas além disso muito tempo foi perdido. Mais triste ainda foi confirmar, a fatia de tomate ou caqui no salgadinho de ovo de codorna realmente ficou pra trás.
Então veio a faculdade. Acho que nos saímos bem. As vezes o blog ficou meio esquecido, mas pedimos desculpas.
Ingrid Betancourt foi liberada. Você nem se lembrava mais disso, não é verdade? Pois é, a ex-candidata a presidente da Colômbia foi libertada pelas FARC.
Bejani foi preso. Sim, isso tem causado um tempo de vacas magras na cidade. O roubo foi grande, o rombo impressionante. O novo prefeito tem tentado colocar as finanças do lugar, mas a custo de vários projetos paralizados. Mas fica a alegria em ver Juiz de Fora livre desse crápula.
E o sonho da casa própria foi globalizado. Estorou a crise. Lula garantiu que não chegaria ao Brasil mas, foi inevitável. É verdade que o país não foi tão afetado como em anos anteriores.
Zélia Gattai foi ao encontro de Jorge Amado. O céu está mais feliz. A Terra perde mais uma grande escritora.
A Lei, continuou sendo errônea, privilegiando pessoas que não deveriam ser privilegiadas. O Barcelona jogou dinheiro fora, contratando Daniel Alves. A Fé, cada vez mais forte. O incentivo ao Handebol, cada vez menor.
Dercy morreu. Sim, você não acreditava que isso fosse possível, mas aconteceu. Vieram as olimpíadas. Phelps se tornou o maior atleta de todos os tempo. Mas continuo achando que valeu mais o único ouro de César Cielo. Houve também o ouro de Maurren Maggi e o ouro do Voleibol feminino. O futebol, mais uma vez fez feio. E dessa vez fez feio com força: eliminado pela Argentina com um sonoro 3x0.
Saímos de 2008 melhores que entramos e esperamos que 2009 seja melhor ainda. Como disse no primeiro post: "every little thing, is gonna be alright".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Invento Perfeito

O Invento Perfeito -
Ao Abdo, com carinho...


Ai! Como é boa a juventude!
-Frêmito constante de inquietação:
um roçar de rostos, mãos e pernas cheias de atitude...
que se não mata, morre do coração!

A chama engole e domina a gente
num instante tonto que também é morte
e o desejo vem mais doido, mais insistente
para queimar quem é vivo, quem é morto, quem é fraco e quem é forte!

Num misto de loucura e ansiedade
movimentam-se corpos em loucas posições:
-delírio, gozo, vontade...
carícias e arrepios de impuras depravações!

Fantasias noturnas transitam gemendo
sangue, vinho e fetiche ofegam a respiração...
e é sempre um vai e vem de fogo ardendo
quando a luxúria enche o peito de tesão!

É luz é dor é deleite:
(fervem e excitam mil repetições...)
é espuma doce, brancura de leite
que traz aos lábios densas sensações!

Um clarão invade o cômodo em treva
e ilumina com volúpia a escuridão:
-a alma vai atrás da sombra que a leva
até o auge da mais elevada satisfação!

Os olhos se fecham no silêncio de ruídos entrelaçados
de onde saem todas as palpitações...
Ai! Como gritam e desejam estes dedos apertados
presos entre inúmeras elevações!

É magia, sortilégio, feitiço, insanidade
sacrifício impuro de sedução
é chegada a hora da verdade
é o segredo escondido da penetração!

São dantescos os sons do ato envolvente
daqueles que amam e vivem pelo prazer...
“mais uma vez, mais uma vez”, -suplicam, ardentes
até depois deste e do próximo amanhecer!

A isso não se hesita nem se tem desdém
por cima, por baixo, em qualquer direção...
-Vamos todos juntos dizer “amém”
Ao mais perfeito invento de toda a criação!




by Laís Scodeler


PS: Não, Abdo e eu não temos um caso.
PS2: Há uma diferença entre eu lírico e autor empírico.
PS3: O Chicão respeita a liberdade de expressão, por isso que eu postei esse poema.
PS4: VASCO NA 2ª DIVISÃO!!!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Desprezo

Desprezo era um lugarejo. Acho que lugar desprezado é mais triste do que abandonado. Não sei por quê caminhos o mundo me tirou do Desprezo para este Posto de gasolina na estrada que vai para São Paulo. Acho quase um milagre. Quando a gente morava no Desprezo ele já era desprezado. Restavam três casas em pé. E três famílias com oito guris que corriam pelas estradas já cobertas de mato. Eu era um dos oito guris. Agora estou aqui botando gasolina para os potentados. Naquele tempo do Desprezo eu queria ser chão, isto ser: para que em mim as árvores crescessem. Para que sobre mim as conchas se formassem. Eu queria ser chão no tempo do Desprezo para que em mim os rios corressem. Me lembro que os moradores do Desprezo, incluindo os oito guris, todos queriam ser aves ou coisas ou novas pessoas. Isso quer dizer que os moradores do Desprezo queriam ficar livres para outros seres. Até ser chão servia como era o meu caso. Ninguém era responsável pelas preferências dos outros. Nem isso era uma brincadeira. Podia ser um sonho saído do Desprezo. Uma senhora de nome Ana Belona queria ser árvore para ter gorjeios. Ela falou que não queria mais moer solidão. Tinha um homem com o olhar sujo de dor que catava o cisco mais nobre do lugar para construir outra casa. Não sei por quê aquele homem com olhar sujo de dor queria permanecer no Desprezo. Eu não sei nada sobre as grandes coisas do mundo, mas sobre as pequenas eu sei menos.


– VII - Desprezo, in Memórias Inventadas — Segunda Infância, por Manoel de Barros

domingo, 19 de outubro de 2008

7 anos

Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro fujo desta sombra
Em sonhos vejo este passado
E na parede do meu quarto
ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
o pensamento em você...

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

(Tim Maia)

Eu sempre vou te amar! Onde quer que sua estrela esteja brilhando agora!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dia dos Prefessores

Qualquer um sabe o quão difícil é ser professor, principalmente nos países que investem pouco em educação! Mas, ainda sim, vale ressaltar a nobreza e a importância desta profissão, especialmente quando sabemos das dificuldades que ela traz consigo. Ao mesmo tempo, é fato que não se tem apenas tristezas, afinal, inúmeros alunos são motivo de orgulho. A minha curta experiência pode comprovar isso...no final de tudo, vale a pena! Como Fernando Pessoa nos disse: "...Tudo vale a pena/Se alma não é pequena..."

Aos nossos professores, um grande abraço!


by Laís Scodeler

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Os quatro elementos

Não sei se os que dizem que a água lava e leva tudo têm, de todo, razão. Quando cometemos erros absurdos e passíveis à vergonha, pensamos logo que, um dia, poderemos enxergá-los como borrões na memória. Entretanto, os que cometem erros também sabem que, na maioria das vezes, por mais que tentemos apagar determinados fatos ou impressões de fatos, não obtemos sucesso. Sucesso, aqui, consiste em não-lembrança, o que difere, e muito, de esquecimento. A não-lembrança implica apagar completamente o que ocorreu da mente, como se, realmente, nunca tivesse ocorrido. O esquecimento não tem, em si, todas as características do não-lembrar, visto que, nele, mesmo que não lembremos, os fatos passados ainda permanecem conosco.
Não, a água não lava e, menos ainda, leva tudo. O tempo ainda tem seus méritos, mas eles se perdem e sucumbem ao próprio tempo. Pois, com o tempo, até o que se apagou com o tempo volta a nos atormentar, e, mais tempo levamos para perceber que nem o tempo destrói as marcas do que se consolidou pelos nossos atos...
Fácil seria se pudéssemos atirar ao vento tudo o que nos faz menos completos, menos sensíveis, menos humanos. No entanto, nem mesmo o vento é capaz de engolir tanta coisa. O vento é vento porque não tem culpa de si, nem de ser, diferentemente dos homens, que são sem poderem ser de verdade. Ser de verdade não é existir materialmente, mas entender que a água ou o tempo não são donos dos nossos pensamentos e, tampouco, das nossas ações. E, se é assim, não podemos, portanto, simplesmente atirar a eles o que não queremos mais.
Quando não queremos mais determinados sentimentos, lembranças e impressões, tendemos a nos esforçar para submetê-los ao nosso cômodo e quase impossível não-lembrar. Essa é, sem dúvida, a pior maneira de lidar com o que nos aflige. Uns dizem que devemos encarar a vida, outros, que o tempo cuida de tudo...será?
Há, ainda, aqueles que preferem queimar recordações, como se o fogo pudesse reduzir a cinzas todo e qualquer vestígio do que passou. Se nem a água e nem o vento aceitam, de fato, o que não lhes pertence, por que o fogo se prestaria a isso?
Nem água, nem vento, nem fogo. O que dá certo mesmo é enterrar tudo e ponto final...Bom, não. Isso também não resolve nada. Se o passado pudesse ser enterrado, não existiria, quase, infelicidade, visto que as pessoas enterrariam suas tristezas cada vez que as tivessem. Como sabemos que isso é puramente irreal, anulamos mais uma forma de não-lembrar.
No final de tudo, percebemos que não se pode apagar o que nos faz mal, já que, por mais terríveis que sejam, as nossas dores fazem com que tenhamos uma história. Toda história real e verdadeira precisa de fatos reais e verdadeiros, ainda que nos doa possuí-los. Claro que é necessário fugir, fantasiar, deixar a água levar, jogar ao vento, deixar o fogo queimar e claro, enterrar experiências ruins, ainda que saibamos que o que faz parte de nós não pode, de fato, ser apagado por nada, simplesmente porque faz parte de nós e do que nos faz, a cada ferida assoprada, a cada lágrima derramada, seres humanos.


by Laís Scodeler

sábado, 27 de setembro de 2008

100!

Ei! Para você que não sabe, o idéias em desacerto está comemorando 8 meses! Ele foi criado em 26/01/08 e desde então teve 99 posts, chegando agora ao seu 100º!
Ao se chegar a uma data comemorativa como essa em nossa vida, temos sempre que manifestar nossa alegria, rever os nossos erros e agradecer a quem nos fez chegar aqui. 100 posts são para poucos. E queremos chegar muito mais longe.
Manifestar nossa alegria não é difícil, pois para um projeto em que nem eu acreditava muito, que para mim era só mais uma válvula de escape, fomos muito longe. Minha particular felicidade reside nos números: são 2.572 visitas desde então no blog, originadas de 28 países diferentes! Minha felicidade está também em poder ter a Laís ao meu lado no blog, uma escritora de qualidade reconhecida por todos que lêem seus textos.
Quanto a nossos erros, temos de reconhecer o quanto nossos textos (principalmente os meus) desagradam a alguns, ou simplesmente deixam de agradar. Apenas peço que relevem, pois não sou escritor, apenas quero expor minhas idéias que, conforme diz o próprio nome do blog, são um desacerto constante. Temos também que pedir desculpas pelo lapso de tempo que ficamos sem escrever (eu por exemplo não escrevia há um mês), mas a vida não é fácil. O estudo tem nos dificultado a vinda até esse espaço.
Os demais erros que, com certeza virão, serão discutidos entre eu e a Laís, objetivando, claro um blog cada vez melhor, e, peço a vocês que lêem, qualquer erro que repararem ou algo que não esteja agradando, POR FAVOR, falem comigo ou com a Laís, ou usem o espaço dos comentários. Precisamos também da ajuda de vocês.
Enfim, se chegamos hoje ao 100º post, é graças a cada um de vocês, dos quais não vou citar nomes, até mesmo porque alguns leitores do blog nos são anônimos. Obrigado simplesmente pelas visitas, pelos comentários quando possíveis e pelas palavras de apoio que recebemos muitas vezes.
Continuem apoiando esse desacerto, mesmo que às vezes ele não seja agradável. Obrigado a todos vocês e parabéns pra nós! Tenham certeza que o trabalho duro não acaba aqui! Rumo ao post 200 agora!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A Minha Dor...

Quando o céu escurece a noite em sono
brancas luzes empalidecem a imensidão...
a morte é a vida e a vida um mar sem dono
tristeza constante que se ergue do chão.

O vento é velho e espalha as dores do mundo
para quem as têm e não as quer mais...
todo o caminho é feito dum tédio profundo
angústias de sopros espectrais!

Ah! Se tudo fosse brisa e luz e dia
e os tormentos findassem angelicais
e os medos e as mágoas e agonias
fossem todos como cristais!

A minha vida não seria esta cruz amarga e dolente
-mortalha negra de solidão...
minhas mãos não seriam pálidas penitentes
sempre postas em oração...

meus lábios não seriam gelo e pedra
-secos de tanta lamentação...
pois hoje a minha alma é a cinza da treva
expirando a dor de um Não...


by Laís Scodeler

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Lembranças Desagradáveis

"No dia 11 de setembro de 2001, dois aviões derrubaram as torres gêmeas do complexo de World Trade Center, em Nova Iorque. Outro avião se chocou contra o Pentágono e um terceiro, que se dirigia provavelmente para Washington, foi abatido perto de Pittsburg. O mundo ficou estarrecido, uma vez que os atentados nos EUA foram transmitidos pela televisão, ao vivo, e assistidos por pessoas de todos os países. [...] Os aviões que operaram o maior ataque terrorista da História mostraram que as defesas do Estado mais poderoso do mundo não eram tão impenetráveis quanto se pensava. Quantos mortos? As primeiras notícias chegaram a apontar cerca de 6 mil vítimas. Quem tinha feito aquilo? Osama bin Laden, respondeu ao governo Bush, indicando o fundamentalista saudita como principal suspeito de ser o mentor dos atentados em New York e Washington."

Agora veja o que disse Umberto Eco:

"Que o homem, por um erro desajeitado do acaso, tenha surgido na Terra entregue a sua condição de mortal e, como se não bastasse, condenado a ter consciência disso. [...] Este homem, para encontrar coragem para esperar a morte, tornou-se forçosamente um animal religioso. [...] Chegando à plenitude dos tempos [este homem] tem, em um momento determinado, a força religiosa, moral e poética de conceber o modelo do Cristo, do amor universal, do perdão aos inimigos, da vida ofertada em holocausto pela salvação do outro."


As palavras acima mostram, na verdade, um ideal de homem, uma quimera bem distante. Não fosse isso, os atentados do dia 11 de setembro de 2001 não passariam de mero devaneio...

Site consultado: http://pt.shvoong.com/humanities/1669092-atentado-11-setembro/

by Laís Scodeler

sábado, 6 de setembro de 2008

Para refletir...

"Por isso, meti-me na política, como se diz. [...] Fiquei com eles durante muito tempo, e não há país da Europa de cujas lutas eu não tenha compartilhado. É claro, eu sabia que também nós
pronunciávamos, ocasionalmente, condenações. Mas diziam-me que essas poucas mortes eram necessárias para construir um mundo em que não se mataria ninguém. [...] Até o dia em que vi uma execução [...] Compreendi assim que eu, pelo menos, não tinha deixado de ser um empestado durante todos esses anos em que, no entanto, com toda a minha alma, eu julgava lutar contra a peste [...]. Desde então, não mudei. Há muito que tenho vergonha, uma
vergonha mortal, de ter sido, ainda que de longe, ainda que na boa vontade, por minha vez, um assassino. [...] a partir do momento em que renunciei a matar, me condenei a um exílio definitivo. São os outros que farão a história. [...] Foi assim que decidi pôr-me do lado das vítimas." (Camus, in "A Peste")

Esse trecho corresponde a um depoimento, feito pelo personagem Tarrou, do livro "A Peste". Para ele, atos violentos não podem ser justificados por objetivos nobres. Dessa forma, percebemos que a violência e o crime não são aceitos como meios. Isso tudo reflete a opinião de Albert Camus, autor da obra, que se posiciona contrariamente ao aspecto violento das revoltas. O romance, escrito após Segunda Guerra Mundial, alude ao conflito utilizando a metáfora da peste e faz uma crítica que desconstrói os motivos do regime nazista de Adolf Hitler. Durante a leitura, fica realmente claro que é perfeitamente possível estabelecer um paralelo entre a força de destruição existente em um período de peste e uma época de guerra. Entretanto, a peste não é, pelo menos diretamente, articulada por alguém...

"O bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido [...] espera pacientemente, [...] e viria talvez um dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz."
(Camus, in "A Peste")


by Laís Scodeler

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lei da relatividade

Em 2005, subiu o preço da passagem de ônibus em JF: de R$1,30 para R$1,55. Todo mundo reclamou, xingou, organizou passeata contra o aumento e muito mais.

O tempo passou, a passagem subiu para R$1,75.

Em 2008, um decreto judicial manda que o preço da passagem retorne de R$1,75 para R$1,55. Todo mundo comemorou o novo preço da passagem.

Tudo é relativo, até o prejuízo que a gente toma.

domingo, 17 de agosto de 2008

Citius, altius, fortius

Incontestável. Bárbaro. Magnífico. Faltam adjetivos para definir Michael Fred Phelps II, ou simplesmente Michael Phelps, ou ainda, o maior atleta de todos os tempos. Os números dizem mais que qualquer outro argumento que eu possa apresentar aqui: 16 medalhas olímpicas em 17 provas disputadas. 14 de ouro e 2 de bronze. A prova que ele não ganhou medalha? Nas olimpíadas de Sydney (2000), Phelps tinha 15 anos de idade e chegou em quinto nos 200m borboleta. De lá pra cá, Atenas (2004) e Beijing (2008), 14 ouros em 16 provas. Sendo 8 dessas medalhas de ouro nos jogos de Beijing, superando o recorde do também americano Mark Spitz, que havia ganhado 7 medalhas de ouro nos jogos de Munique (1972). Nessas 8 provas, Phelps bateu 7 recordes mundiais e 1 recorde olímpico. Incrível.
Mesmo diante de tamanho poderio, cabe a nós exaltar uma conquista. Um atleta que conquistou "apenas" 1 ouro e 1 bronze: o brasileiro César Cielo Filho. Ouro nos 50m livre, o que faz de Cielo o nadador mais rápido do planeta. E ainda, bronze nos 100m livre, mesmo tendo largado na raia 8, a raia de quem se classifica com o pior tempo para as finais.
Sempre que um brasileiro chega ao lugar mais alto do pódio, a primeira palavra que vem à cabeça é superação. Todos nós sabemos o quanto é difícil chegar ao ouro olímpico, sobretudo para quem vem de um país que valoriza tão pouco o esporte. E a própria história de Cielo mostra essa dificuldade. Ele teve que abandonar a família no Brasil e ir para Auburn nos Estados Unidos, para conseguir treinar em alto nível. Seu choro é o mais certo e compreensível. Esforço, saudade, tudo recompensado agora. Como disse o próprio Cielo, “era um sonho meu de criança. Nunca imaginei que eu fosse chegar onde eu estou hoje. Eu sou campeão olímpico”. Muitos brasileiros têm esse sonho. Mas essa medalha é mais uma prova de que vivemos em um país que pode dar certo. Determinação e vontade nunca faltaram nem nunca faltarão aos brasileiros.
E durante um momento, essas duas histórias se cruzaram. Enquanto Cielo entrava para nadar os 50m livre objetivando a primeira vitória da história da natação brasileira em Olimpíadas, Phelps voltava do pódio, após receber a sua 13ª medalha de ouro e disse ao brasileiro: "Cara, você viu o que eu fiz? Fui lá e ganhei por um centésimo. Você vai ganhar por um centésimo ou vai perder por um centésimo? Então vai lá e bate na parede". Não foi um centésimo. Foram 15 de vantagem para o francês Amaury Levaux e um recorde olímpico, já pertencente ao próprio Cielo, batido. A concentração de Cielo e as eficientes braçadas o levaram ao local mais alto. Não importa se foram 14 ouros ou se foi 1. Os dois fizeram história à sua maneira. Mas ouvir o hino nacional brasileiro, ahh, foi muito melhor, mesmo que tenha sido apenas uma vez.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O que somos...

Não somos unicamente porque precisamos
quando somos e deixamos ser...
há uma verdade no que não sentimos nem mostramos
verdade que cisma em não querer.

Os nossos abismos são de sede
sede que nos mata o não beber...
os nossos muros são ecos na parede
ecos que engolem sem saber.

A nossa embriaguez nos alucina
consome, transforma, faz sofrer
porque nós somos donos e escravos em sina
somos únicos quando podemos ter...

temos não por necessidade de vida
mas simplesmente porque nos faz viver
vivemos cabisbaixos o mundo, sem chão, sem partida
vivemos os dias a adormecer...

dormimos porque não queremos
não queremos ver
estamos sós no que seremos
pois seremos queda, sem espaço para erguer.


by Laís Scodeler

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Chão dos Homens

Quem conhece o ser humano sabe, mesmo que não por experiência própria, o quão difícil é confiar nele. Uns ainda levam fé na humanidade, outros tantos já perderam, e com razão, os filetes de esperança que ainda restavam. “Não se pode confiar nos homens...”, dizem os desacreditados. Mas, e quanto ao diabo? Há os que defendem a idéia de que se pode confiar até no “coisa-ruim”, entretanto, é necessário ser cuidadoso no que diz respeito aos humanos, justamente porque são humanos, e como tal, não são criaturas de fácil trato e nem de caráter generalizável.
Numa de suas andanças pelo mundo, o diabo, disfarçado de homem, deparou-se com uma mulher que, sem percebê-lo, cantarolava solitária ao estender uns poucos trapos no varal. Ele, como criatura dos infernos, há muito turista de mundos diversos e conhecedor das mais raras formas, viu-se extremamente admirado com a beleza da moça. Esta, simples mas bem cuidada, chamava-se Lis e era casada com um agricultor humilde e de muito valor que passava a maior parte do tempo trabalhando na fazenda do patrão latifundiário. Lis cuidava de suas obrigações durante o dia e, de noite, costumava esperar o marido olhando a lua.
Na noite de lua cheia, o diabo, inconformado por não conseguir deixar de pensar naquela criatura tão divina, ainda que humana, decidiu quebrar algumas regras que separam terra e inferno disfarçando-se de vendaval para raptá-la. A coitada, completamente desorientada, ao ser levada naquela velocidade, pensou que o fim dos tempos havia chegado. Quando foi posta no chão, não viu o diabo como diabo, e sim como um belo homem. Durante alguns poucos instantes, não acreditou que ele fosse homem, mas anjo, e perguntou, com toda a sua ingenuidade, se o mundo estava acabando. O tinhoso, esperto, disse que sim e que a estava salvando. A moça caiu em pranto! Como poderia viver sem o marido? Então, Lis engoliu o choro e disse: “olha seu anjo-moço, sem o Zé, meu marido, eu não posso viver...se ele morre, eu morro junto. Se o mundo acabar e levar o Zé, eu acabo também...sem o meu Zé eu não sou nada.”
Depois da declaração apaixonada, o diabo, que de anjo não tinha nada, muito menos as asas, encolerizou-se com a moça e puniu-a de um jeito bem diabólico, diga-se de passagem. Quando Zé, desesperado com o sumiço misterioso da esposa, parou de trabalhar porque não agüentava mais a dor da perda que sentia, o tinhoso, cheio de ódio no peito vazio, arrastou Lis pelos cabelos e enterrou-a debaixo do chão que seu marido cuidava. Ao voltar ao trabalho, Zé sentiu algo estranho, mas nem de longe poderia imaginar o motivo que o fazia sentir-se daquele jeito. Lis ouvia, então, o choro sentido do marido quando tratava da terra, mas nada podia fazer.
Quando o sol caiu, o diabo apareceu para Zé e apresentou-se como sendo o diabo mesmo, sem enganação e sem pseudônimo e foi muito sincero com o agricultor: “Numa dessas minhas andanças pelo mundo, vi sua esposa e me apaixonei por ela! Como ela não me quis, eu a escondi de você! Se quiser a Lis de volta, vai ter que me dar a sua alma...”. O pobre, que não agüentava mais tanta tristeza, concordou. O diabo, que não é bobo, tratou logo de arrancar a alma do moço e garantir mais um na sua morada. Quando as três gotas do sangue de Zé caíram ao chão, o tinhoso virou vendaval de novo e puxou-lhe a alma pela boca. O corpo do homem caiu e a terra deu conta do resto... Lis sentiu quando o marido chegou, mas não como sempre fora, para lhe fazer companhia. Sua tristeza foi tanta, mais tanta, que ela não agüentou. Durante dias, suas lágrimas escorreram por aquela terra, aquele chão...tempos depois, cresceu ali uma flor, conhecida posteriormente por “flor-de-lis”...
O diabo continua sendo diabo e andando pelo mundo. O homem continua sendo homem e andando pela terra, mesmo que não dure sobre ela...


by Laís Scodeler

sábado, 2 de agosto de 2008

Nuvens

O Chicão escolheu a minha palavra! "Nuvens"


As crianças nascem muito antes do que pensamos. Muitos pais olham para o céu e desejam, com força, um filho. Aí já temos, ainda que não fisicamente, um nascimento, visto que desejos também podem criar. Para a maioria, não importa o sexo do bebê, e sim que ele nasça com saúde, mas todos nascem, cada um de um jeito, predestinados a alguma coisa.
Quando os pais de uma menina fraquinha e diferente olhavam para as nuvens, pediam o que todos os outros pedem e tinham desejos praticamente comuns aos de inúmeras pessoas que estão constituindo uma família. No entanto, nem tudo o que desejamos vira fato consumado e nem todas as nossas preces são preces propriamente ditas.
“Essa menina é estranha...”, diziam os familiares ao olhá-la embrulhada nos panos que a protegiam do frio, mas que não a guardavam dos julgamentos dolorosos e das mesuras tortas. “Parece que os olhos dela não são normais...”, arriscavam outros, curiosos com o que viam. Os pais, tristes e infelizes com as supostas preces não atendidas, repetiam, envergonhados, a mesma ladainha: “É que ela é cega de um olho, coitadinha...e nós rezamos tanto antes dela nascer...”
O tempo passou e a pobre cresceu enxergando tudo “pela metade”, como insistiam os de seu convívio. Mesmo assim, isso não fazia diferença pois, mesmo não sendo igual aos que a conheciam, não deixava nunca de olhar para o céu. Todos têm um céu único, particular, escondido. O de muitos é chuvoso, escuro, triste...o dela era repleto de nuvens que ela, aparentemente,não via por completo. Ainda assim, a pequena, com toda a sua imperfeição, fazia questão de olhar para as nuvens todos os dias e também fazer suas preces. Não pedia para ser como os que a cercavam, nem pedia bonecas. Pedia somente que pudesse, mesmo que “pela metade”, continuar enxergando o céu, que, por mais incompleto que fosse, era seu.
Um belo dia, a mãe da menina ouviu o desejo que a filha murmurava sozinha e discreta em seu quarto. Sem saber muito o que pensar, lembrou-se de quando também erguia suas preces ao alto e tentou, inutilmente, entender porque o seu bebê tão bem desejado não era como gostaria que fosse. A resposta veio logo em seguida, ao olhar para a criança que, sem perceber sua presença, sorria. Desejos são, por melhores que possam parecer, como nuvens. Esfumaçam, se perdem, se transformam e, quando chegam ao céu, já não são como antes, por isso, não se realizam como gostaríamos...já alguns, simplesmente evaporam, criando o inexplicável.



by Laís Scodeler

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre tudo e sobre nada.

Razão
Nêutron
Futebol

Paixão
Eu
Brasil
Cachaça
Lágrima
Você
Guerra
Fogo
Sonho
Distância
SOS
Força
Sol
Trabalhador
Amor
Brilho
Dentro
Nuvens
Coração
Beleza
Mar
Se
Chão
União
Sal

Queria escrever sobre tanta coisa. Mas não quero escrever sobre nada.
Então aí estão as palavras. Tudo que andei pensando desde o último post.

Bem, agora cada um faz seu texto. Com essas palavras. Em sua própria mente. (Se quiser colocar seu texto nos comentários, fique à vontade). Fica melhor assim.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Somente duas letras. E um significado extremamente amplo. O que seria a fé? O que a move? Quais são seus limites?
Essas perguntas vieram à minha cabeça depois de uma viagem que realizei a Aparecida - SP no último final de semana. Aos que não sabem, Aparecida é o maior centro de peregrinação católica da América Latina. Lá se localiza a imagem encontrada em 1717 por três pescadores nas águas do rio Paraíba do Sul e que gerou o culto a Nossa Senhora Aparecida. Para se ter uma idéia da grandiosidade do local, segue uma descrição retirada da wikipédia: A Basílica Nacional de Aparecida tem capacidade de abrigar 75 mil pessoas e possui a forma de uma Cruz Grega (de braços iguais) com naves que possuem uma altura de 40 metros. A cúpula mede 70 metros de altura e tem 78 metros de diâmetro, sendo que sua torre mede 100 metros de altura. Possui área construída total de 23 mil metros quadrados (sendo cobertos 18 mil) e tem capacidade para 45.000 fiéis dentro da basílica e quatro mil ônibus e seis mil carros nos 272 mil metros quadrados de estacionamento. Para a sua construção foram gastos 25 milhões de tijolos e 40.000 m³ de concreto. Entre isso tudo, dois locais se destacam na Basílica: a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e a Sala das Promessas. Seguem fotos dos dois locais:

Imagem encontrada em 1717 nas margens do rio Paraíba do Sul.
Vista da Sala das Promessas. Repare no teto coberto por fotos de fiéis.Vista de uma parte do teto da mesma sala, decorada somente com fotos 3x4.
Objetos de cera oferecidos pelos fiéis.Mais objetos de cera e fitas.

Realmente você se sente impressionado ao adentrar à Sala das Promessas. No momento que entra, acha que a fé do ser humano não tem limites. Então, sai tentando imaginar que graça será que todas aquelas pessoas ali alcançaram. É impossível. São muitas histórias. Muitos objetos de anônimos e muitos de famosos, como Ronaldinho, Zico, Renato Aragão, Ayrton Senna, Chitãozinho e tantos outros.
Nisso, vemos somente a fé católica. E tantas outras pessoas crentes em tantas outras religiões também têm seus templos, sua devoção e sua fé. E agora, voltamos às perguntas iniciais: o que seria a fé? O que a move? Quais são seus limites?
A fé é tudo aquilo em que você acredita sem precisar de provas, sem precisar ser palpável. O que a move é o inexplicável, o desejo de ter algo em que confiar em meio a tantas agruras e problemas da vida e as suas limitações, bem, essas não existem. Afinal, sempre fraquejaremos e sempre acreditaremos que teremos soluções vindas de um inexplicável, de uma força maior ou, com a força de quatro simples letras: Deus.

PS: Não será tolerado qualquer comentário com teor de intolerância religiosa.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pressa? Para quê?

Nos dias de hoje somos, constantemente, surpreendidos por fatos que nos mostram o quanto temos pressa. A maioria das pessoas acorda cedo e toma o café da manhã bem depressa, para chegar rápido ao seu destino. Aliás, boa parte pula o desjejum e vai logo embora! Caramba! Que pressa, né? Isso tudo é medo...medo de perder aula, de perder o emprego, de perder tempo e tempo é dinheiro!
Tem gente que tem pressa até para comer! E tudo para não perder tempo...alguns se acostumam e acabam tendo pressa para fazer tudo, simplesmente porque esse sentimento já está inserido em sua personalidade. Outros dizem que a vida é curta demais e que temos mesmo que aproveitar. Concordo. No entanto, aproveitar o tempo não significa atropelá-lo. Pense o seguinte: quando você vive os momentos da sua vida, consegue, de fato, obter êxito quando tem pressa? Seja qual for a resposta, sabemos que cada um tem a sua vida, com suas particularidades e que, obviamente, cada um sabe de si.
A sugestão é viver tudo a seu tempo, sem passar por cima das coisas pensando no futuro. Assim, só haverá futuro! E quando você for, depois de tudo, olhar para trás, verá que não viveu direito e que seu passado não existe como você gostaria. Saiba aproveitar a companhia das pessoas queridas sem ficar olhando no relógio, saiba ficar sentado sem pensar que daqui a pouco tem que levantar e ir sei lá para onde! Saiba aproveitar a vida como ela é, e, quem sabe você não descobre, na hora certa, um jeito de fazê-la mais feliz sem ter que sair correndo para pegar o ônibus!


"Não é a febre da pressa, mas sim a pressa da febre. A vida moderna é um lazer agitado, uma fuga ao movimento ordenado por meio da agitação."
Fernando Pessoa, in "Heróstato"




by Laís Scodeler

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Falta o quê?


Se você possui a mesma paixão que eu, certamente você conhece essa quadra. Pra quem ainda não reconheceu, aí vão mais duas imagens.

Agora ficou fácil. Estou falando do Handebol. E ao falar desse esporte eu pergunto: o que falta para o Handebol ser mais valorizado no país?
Eu vos faço uma pergunta: vocês sabem qual é o esporte mais praticado nas escolas do país? Pensou futebol, certo? Errou. O esporte mais praticado nas escolas brasileiras atualmente é, acreditem, o Handebol.
E como todos sabem, os jogos escolares são cada vez mais uma forma de descobrir talentos para o esporte. Então por que não investir no esporte?
Muitos dirão: não há valorização do handebol no país porque ele não conquista títulos de âmbito internacional. Vejo nisso um posicionamento totalmente errôneo, porque o que acontece é justamente o contrário, o handebol brasileiro não conquista títulos de âmbito internacional por não ser valorizado. É impossível ser jogador de handebol no Brasil, como relata Hélio Justino, o Helinho, capitão da seleção brasileira bicampeã pan-americana, título conquistado no Riocentro lotado ano passado no Rio: “Todo atleta de handebol é formado em alguma coisa. Então você não consegue ficar focado exatamente no handebol, a não ser quem está lá fora”. Eu estive lá, acompanhei todos os jogos dessa conquista e vi centenas de apaixonados por Handebol. Muitos sonhando poder um dia jogar profissionalmente o esporte. Sonho difícil de ser realizado com as condições atuais. A declaração de Helinho é corroborada por Aline Santos, jogadora da seleção feminina de Handebol, tri-campeã pan-americana: “É muito difícil sobreviver do handebol no Brasil, no meu caso, tive que sair do Brasil para ir jogar na França. As equipes estão precisando de patrocínio e as atletas também”. Helinho ainda confirma que teve esperança de aumento no incentivo após a primeira conquista em Santo Domingo, mas ela não se confirmou: “Depois da medalha do Pan-Americano do Santo Domingo (2003) a gente até esperava um pouco mais. Esse patrocínio só chega via Confederação e necessitamos que os clubes estejam mais fortes para que tenhamos um campeonato mais forte no país”.
E por falar em Pan-Americano, e principalmente, do Pan do Rio ano passado, cabe fazer uma nova pergunta: entre os quatro principais esportes coletivos disputados no país (futebol, voleibol, basquete e handebol) qual foi o único que venceu tanto no masculino quanto no feminino? Acertou mais uma vez quem respondeu Handebol. O futebol trouxe apenas o título feminino, enquanto o basquete e o vôlei trouxeram apenas o título masculino. Por que então ainda se mantém a falta de incentivo? Se apoiado, o Handebol no Brasil tem potencial para alcançar o patamar em que hoje se encontra o voleibol. Não digo o futebol, porque esse já é cultura do brasileiro, mas sim o voleibol.
Sem incentivo nenhum, o Handebol brasileiro já conseguiu produzir Bruno Souza, que já foi considerado um dos 3 melhores jogadores do planeta. Mas, infelizmente, para isso ele teve que ir jogar na Alemanha, primeiro no Frisch-Auf Göppingen, e posteriormente no HSV, dedicando-se somente ao Handebol dessa forma. E outra coisa: Bruno Souza nunca deixou de defender a seleção alegando contusões a pedido do seu clube e disputando "peladas" no dia seguinte.
Incentivem o Handebol. O país só tem a ganhar com isso.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Você tem fome de quê?

"Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade..."

(Comida - Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito)

****
Todos nós temos fome. Você tem fome de quê? Alguns, e todos nós sabemos disso, tem fome de comida. Mas acredito eu que essa esteja longe de ser a pior das fomes. Há algumas muito piores.
A fome de amor, por exemplo. Quantas pessoas no mundo dariam tudo para ouvir uma palavra de carinho, ter um afago, ou um simples alguém para conversar e não têm. Encontram na maioria das vezes descaso em lugar de amor.
A fome por dinheiro, aqui entendida como ganância e a fome por poder. Talvez sejam as mais destrutivas das fomes. Encontramos muitos que fazem tudo por dinheiro, alguns que venderiam a própria alma por um pouco mais de posses.
A fome por paz. Tantos que vivem em áreas assoladas por guerras e outros conflitos, que matam, separam famílias, dilaceram corpos e almas cada vez mais. Essa fome não só mata fisicamente, como psicologicamente. Vemos tantas pessoas que habitam áreas de guerra sofrerem comprometimentos psicológicos posteriores a perdas significativas. E aqui, encaixo também a guerra urbana, vivenciada nas grandes cidades brasileiras. Todas as pessoas que perderam filhos, pais, irmãos, em uma guerra diária, e que dificilmente terá fim.
E há também fomes boas, como a fome por sucesso sem passar por cima dos outros, a fome por melhorar de vida, a fome por amizades, a fome por concluir estudos e trabalhos.
Tenho fome de vitória pessoal, fome pela paz no mundo e tantas outras fomes não citadas no texto. Você tem fome de quê?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Você. Tá reclamando de quê?

E o que traz mais prazer à vida do ser humano? Alguns dirão comer, outros dirão dormir, alguns dirão sexo e ainda, uns poucos dirão esporte (mais precisamente Futebol, no Brasil). Mas o que mais traz prazer ao ser humano é reclamar.
Isso é lógico. Ou você nunca reparou que o ser humano passa a vida reclamando? Faríamos alguma coisa durante toda a vida se ela não fosse tão boa? Já nascemos chorando. Enquanto bebês, reclamamos que estamos com vontade de mamar, com fome, com frio entre tantas outras coisas. A criança reclama dos amigos nas "briguinhas" comuns nessa fase da vida e dos pais quando não lhes dão o que desejam. O adolescente reclama dos pais. Por isso, por aquilo, porque eles existem. O que vale é reclamar deles. O adulto reclama das contas, do trânsito, das peraltices das crianças, das necessidades de cuidado maior para com os idosos, do trabalho. E o idoso, reclama das dores e do descaso que muitos têm para com eles. Vide nosso grande ex-presidente FHC, que já chamou os aposentados de vagabundos.
Reclamamos a vida inteira da nossa idade. Crianças e adolescentes reclamam por serem novos demais e não poderem fazer certas coisas que não são propícias a suas idades. Os adultos e os idosos já reclamam dos "anos que não voltam mais". Da juventude que passou. E sentem realmente o efeito da idade. Mais um motivo para reclamar. Mas tudo tem seu tempo. É necessário tanto saber esperar, como saber admirar o passado e usá-lo pra construir um belo futuro.
Reclamamos que não temos tempo para nada. Não temos tempo para um sorriso, para um auxílio. Toda a nossa vida foi assim. Sempre reclamei que não tinha tempo. Hoje, reparo que há 7 anos atrás eu tinha tempo de sobra. Mas esse tempo passou. Eu o perdi reclamando que não tinha tempo. Hoje sim, não tenho tempo pra nada. E sei que daqui 7 anos verei que estava errado. Tinha muito tempo e o perdi reclamando.
Reclamamos nas mais pequenas coisas, todos os dias. Muitas vezes sem percebermos. Inclusive, tenho certeza que a Laís, quando revisar esse texto, vai reclamar comigo de alguns "erros" que cometi.
E isso tudo é normal, afinal, como já foi dito anteriormente, se reclamar não fosse tão bom, ninguém faria. Mas a vida é tão bela. Vá fazê-la mais bela ainda. Não perca seu tempo reclamando.

domingo, 20 de julho de 2008

Vai com Deus, porra!

Não interprete mal o título! Os que conheceram Dercy Gonçalves sabem muito bem que ela diria isso!!! Assim, não podemos deixar passar em branco a morte de uma das figuras mais queridas do público brasileiro.

"Dercy Gonçalves, nome artístico de Dolores Gonçalves Costa, (Santa Maria Madalena, 23 de junho de 1907 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 2008) foi uma atriz brasileira, oriunda do teatro de revista e notória por suas participações na produção cinematográfica brasileira das décadas de 1950 e 1960.
Era famosa por suas entrevistas irreverentes, pelo seu bom humor e pelo uso constante de palavras de baixo calão. Foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil.

Cem anos

No dia 23 de junho de 2007, Dercy Gonçalves completou cem anos com uma festa na praça General Brás, no centro do município de Santa Maria Madalena (sua cidade natal) na região serrana do Rio de Janeiro. Na festa, Dercy comeu bolo, levantou as pernas fazendo graça para os fotógrafos, falou palavrão e saudou o povo, que parou para acompanhar a comemoração. Embora oficialmente tenha completado cem anos, Dercy afirma que seu pai a registrou com dois anos de atraso, logo teria completado 102 anos de idade.

Morte

Morreu com 101 anos, às 16h45, no dia 19 de julho de 2008, no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ela foi internada na madrugada do sábado dia 19 de julho. A causa da morte teria sido uma complicação decorrente de uma pneumonia comunitária grave, que evoluiu para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória. O estado do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias em memória à atriz."

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Dercy_Gon%C3%A7alves


by Laís Scodeler

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Desacertos reflexivos...

Milan confirma que Kaká está proibido de disputar os Jogos Olímpicos

****

Por que o Fluminense nem cogitou em não liberar Thiago Silva?
E sem a explicação de que o Fluminense é um time muito pequeno se comparado ao Milan.
Afinal, as regras têm que ser as mesmas pra todos.
Ou grandes babaquices se encaixam em um caso diferente?

terça-feira, 8 de julho de 2008

327 anos e 1 mês

Há 327 anos atrás nascia Jean de La Fontaine. Você provavelmente já ouviu falar desse nome. La Fontaine foi talvez o maior fabulista que o mundo já viu. Escreveu e reescreveu diversas fábulas, sobre as quais afirmava o seguinte: “É uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”.
Hoje, vivemos a expectativa da chegada de mais uma Olímpiada. Falta apenas um mês! E você me pergunta: e o que La Fontaine tem a ver com isso? Simples. As Olimpíadas são tão capazes de mexer com os sonhos das pessoas quanto ele.
Pergunte a qualquer atleta de qualquer esporte (que não seja o futebol), qual seu maior objetivo. Ele não hesitará em responder: ser campeão olímpico. Todo menino ou menina que começa a praticar um esporte sonha com o alto do pódio olímpico. Isso significa "apenas" ser o melhor do mundo.
Ouvir o Hino Nacional emociona a maioria de nós. Por quê? Porque os atletas que conseguem essa façanha representam um pedaço do país que dá certo. No meio de tantas agruras e desafios, ainda existe a esperança da vitória.
E por que não citar La Fontaine? Quando vemos um atleta brasileiro no topo do pódio vemos uma pintura em que encontramos nosso próprio retrato. O retrato do povo brasileiro. Sentimos como se a vitória ou a derrota fossem um pouco nossas. Comemoramos, gritamos com as vitórias do vôlei. Choramos e nos irritamos quando o padre irlandês tirou de Vanderlei Cordeiro de Lima o ouro na Maratona. Mas, sobretudo, acreditamos nessa pintura. São 180 milhões de corações querendo ouvir o Hino Nacional.
A nossos atletas, a esperança de, cada vez mais, voltarem pra casa com suas medalhas no peito, levando o nosso país a muitas glórias. Lembrem-se que estamos apoiando vocês, unindo nossas forças, como mesmo afirma La Fontaine: "Toda força será fraca, se não estiver unida".

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Caminhos que se cruzam, artes que se completam...

Há muito, a literatura vem assumindo diferentes papéis no que diz respeito a sua função na sociedade. Desde a Antiguidade Clássica, quando cumpria a missão de ensinar e, assim, possibilitar o deleite dos que tinham acesso a ela, estava presente no cotidiano dos indivíduos e marcava presença nos círculos sociais elitistas. Com o passar do tempo e o avanço perceptível do saber, foi ganhando novos públicos e teve seu fazer um pouco mais popularizado. A literatura moderna tem influências diretas das mudanças ocorridas na sociedade, uma delas, por sinal a que acarreta rumos extremamente diferenciados, é segunda Revolução Industrial. Com a mecanização do campo e a urbanização da paisagem das cidades, traz consigo os automóveis, que contribuem para que o ritmo de vida das populações dos grandes centros acelere ainda mais. Assim, surgem as multidões e as produções literárias mostram indivíduos voltados para si mesmos. Um exemplo disso é o Romantismo, que apresenta temas existencialistas e questionadores da realidade presente.
Com toda essa renovação do fluxo de informações e trânsito de idéias, as formas de reprodução e representação também avançam e priorizam a rapidez. A fotografia e o cinema, conhecido como arte onívora, dão margem a novas criações, voltadas para um público que está em permanente adaptação ao novo estilo de vida. O cinema, que tem por vantagem não carregar o peso de anos de tradição, busca na literatura novos objetos a serem representados, a partir de novos ângulos, e a literatura, graças a isso, tem muitas obras popularizadas e aceitas pelas massas, que, na Antiguidade Clássica, não desfrutavam de seus benefícios.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma vez Colégio Militar, sempre Colégio Militar!

Ocorreu hoje o encerramento da X Olímpiada Interna do Colégio Militar de Juiz de Fora, que reuniu não só alunos, professores e autoridades, mas contou também com o apoio atencioso dos ex-alunos. Apoio este que foi notado por todos e que serviu para reunir novamente quem sempre fará parte do CMJF. Para que mais eventos assim sejam realizados, temos, agora, a forte iniciativa da Associação de Ex-alunos (AEA) que, sob a presidência do ex-aluno João Paulo, está disposta a possibilitar mais reencontros informando aos membros cadastrados onde e quando eles acontecerão. Os que compareceram no dia de hoje perceberam como foi divertido retornar e rever os amigos, ainda que nem todos estivessem presentes. É justamente por isso que nós, membros da AEA, solicitamos a colaboração dos que já estudaram no CMJF, pois, assim, poderemos ajudá-los a não perder o contato com os amigos de uma época tão querida, por isso, cadastrem-se conosco!
Quem ainda não enviou os dados necessários (nome completo, nome de guerra, e-mail, endereço, telefone e periodo em que estudou no CMJF) pode enviá-los para o e-mail da Sara (saramalaguti@hotmail.com) ou para o meu (laisscodeler@yahoo.com.br).

Contamos com vocês e Zum Zaravalho!


by Laís Scodeler

sábado, 21 de junho de 2008

Desertora

de.ser.tor substantivo masculino

  1. militar que deserta, que abandona as fileiras do exército;
  2. trânsfuga;
  3. aquele que abandona um partido, uma causa.
O que seria na verdade ser um desertor? Como exemplo recente, poderíamos citar o sargento homossexual que abandonou o Exército Brasileiro e por isso se encontra preso em Brasília. Mas, temos um exemplo mais recente ainda, vindo da seleção feminina de basquete. Iziane pode sim, ser considerada uma desertora.
Qualquer criança ou adolescente sonhou um dia ser um grande ídolo e defender a Seleção Brasileira, seja em qual esporte for. Na verdade, defender a seleção passa pelo instinto do ser humano de ser o melhor. Mas defender a seleção é muito mais que isso. É levar a bandeira de seu país e representar o coração e a esperança de milhões de pessoas na ponta dos pés ou das mãos. É dar cada gota de suor por defender o seu Pavilhão Nacional. É chorar, quando no lugar mais alto do pódio, se ouve seu hino. Ou chorar por não ter conseguido chegar no último degrau. É acima de tudo, entrega.
É necessário para o grande atleta, principalmente de esportes coletivos, entender que não chegou ali sozinho e que nos ombros dele há uma grande responsabilidade. É preciso somar sempre.
Se recusar a entrar durante um jogo é se recusar a defender o país e os milhões que nele confiam. Esquivar-se da responsabilidade. E essa esquiva não tem e nem pode ter perdão.
Apóio integralmente o técnico Paulo Bassul em cortar a atleta da Seleção. Nesse momento, não importa o quanto uma atleta é tecnicamente superior. Sabemos que a vontade é primordial e que onde falta vontade não há conquista.
Ainda por cima, Iziane não é a estrela que se julga ser. Que ela aprenda muito, tecnicamente e principalmente no psicológico.
Chorar no lugar mais alto do pódio, enrolado na bandeira do Brasil é só pra quem não abandona jamais seu país e seus ideais. E esse momento especial na vida do atleta, a julgar pelos fatos recentes, ela nunca mais vai sentir.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Imagine o poema virando fumaça...

Cinzento

A sombra cinzenta dos pensamentos
adormece por entre meus dedos
onde oscila a névoa dos segredos
perdidos no azul dos ventos...

borboletas brancas bordam sentimentos
pelo contorno dos céus
onde dançam sombrios véus
em leves movimentos...

o crepúsculo entorna nas noites vaporosas
as cinzas feitas com o sangue das rosas
leves como seda, se arrastando...

vapores flutuantes erguem- se, tristonhos
quando os astros velam os meus sonhos
e carícias de veludo vão-se esfumaçando...

by Laís Scodeler

sábado, 14 de junho de 2008

Moda

Há alguns anos atrás, eu li um texto que dizia que com o advento dos computadores e das impressoras, qualquer um pode virar escritor. Qualquer um pode ter sua obra impressa no momento que desejar, e isso prejudicaria aos bons leitores, que no meio de tantas obras, não conseguiriam achar o que é realmente bom. Com o advento da internet então, vemos tanta coisas em blogs completamente inúteis e o pior, de gente que pensa ser o novo Drummond.
Pois é, talvez esse blog se enquadrasse nessa categoria. Mas quando o criei, e principalmente quando passei a dividi-lo com a Laís, a primeira decisão foi de que mesmo que ele não fosse lido por ninguém, colocaríamos aqui textos que pudessem atingir a vida de uma pessoa que viesse a ler.
De início, sabemos que não somos nenhum Machado de Assis para usar bem figuras de linguagem, enquanto vemos espalhados por aí tantas figuras de linguagem e o pior, arcaicas, de pessoas que realmente acham que escrevem como Machado. Filhinhos, acordem. Já se passaram mais de 100 anos. As figuras usadas por Machado já não tocam as pessoas da mesma forma.
Se você acompanha nosso blog, pode perceber que aqui tratamos de temas atuais, ou temas que ainda pertencem à vida de cada um. Nossa matéria é o tempo presente, o espaço presente.
A diferença desse blog para outros, é que temos a matéria que tinha Drummond, mas não escrevemos como ele. Buscamos uma outra forma de escrever. Diferente dos tantos Machados que vemos por aí.
A você, meu caro leitor, a garantia de que estaremos sempre preocupados em como a leitura desse texto pode fazer bem a você. Afinal, o texto tem como objetivo fazer bem ao leitor, e não a quem escreve.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Não tem como deixar o Dia dos Namoraos passar em branco! Essa data tão linda merece destaque, né? Mesmo para aqueles que não têm um par, é sempre válido falar de amor, especialmente nos dias de hoje...

Vamos pensar sobre as almas-gêmeas e o mito dos andróginos...


Platão, em um de seus diálogos, intitulado "O Banquete", dá luz às idéias que surgiram em torno das metades eternas, ou, almas-gêmeas. Para os gregos, os termos que definem o fato de um ser possuir, ao mesmo tempo, os dois sexos, ou, melhor dizendo, duas naturezas sexuais, são "androgenia" e "hermafroditismo". As duas palavras são formadas por
termos gregos: "androgenia" por "andros", que significa "homem" e "ginecon", que significa "mulher"; "hermafroditismo" por Hermes e Afrodite.
O mito dos andróginos diz que em tempos muuuuuiiiito antigos, imemoriais, pode-se dizer, os seres humanos que viviam sobre a terra eram completos, ou seja, possuíam dupla sexualidade, sendo tanto masculinos quanto femininos. Dessa forma, esses seres viviam desafiando os Deuses, que, como todos sabem, odiavam perder. Então, assustados com a possibilidade de um ataque ao Olímpo, reuniram-se para encontrar uma forma de anular a ameaça humana. Depois de muito néctar, decidiram que, para evitar que mais uma tragédia grega ocorresse, era melhor separar os humanos de si mesmos, visto que era a combinação das duas metades que os fortalecia. Assim, os Deuses malvados separaram os homens...houve muito choro e muita tristeza, as partes divididas abraçavam-se desesperadamente, buscando, sem sucesso, a sua outra metade. Como marca da separação, surgiu, então,o umbigo, prova de que era impossível desafiar os Deuses. Após o ocorrido, os seres sentiam-se mutilados, imperfeitos, incompletos, fadados à procura eterna de sua outra parte, equivocando-se na maior parte das tentativas...


A busca pela alma-gêmea e o encontro das almas foi tema de muitos autores, cito um dos mais sensíveis:

“Os minutos que nos uniram são mais poderosos que os séculos. E a luz que iluminou nossas almas é mais forte que as trevas. Se a tempestade nos separa neste mar encolerizado, a maré alta nos juntará naquela praia tranqüila; se a vida nos matar, a morte nos ressuscitará.”

Gibran Khalil Gibran, em Asas Partidas


Procure sempre, mas também deixe o amor te encontrar...

Feliz Dia dos Namorados para todos!


by Laís Scodeler

domingo, 8 de junho de 2008

Sacrilégio

Barça pagará mais por Daniel Alves do que pagou por Ronaldinho, Eto'o ou Henry

O lateral-direito Daniel Alves vai passar a ter mais responsabilidades no futebol espanhol. Trocará o Sevilla pelo Barcelona em uma aquisição que é a terceira mais cara do clube catalão, perdendo somente para o holandês Overmars e o argentino Saviola.

O Barça pagará ao Sevilla 29 milhões de euros, superando astros como Ronaldinho Gaúcho (27), Eto'o (24) e Henry (24).

****

Nunca vi tanto dinheiro ser jogado fora. Eu não pagaria nem 1 milhão por Daniel Alves. E dizer que ele vale mais que Ronaldinho Gaúcho, Eto'o e Henry é um sacrilégio. E querem vender Ronaldinho e Eto'o. Infelizmente, parece que os dirigentes do Barcelona perderam a noção do que é futebol.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Anjinho

Anjinho


"And from her fresh and unpolluted flesh

May violets spring"

(Hamlet)



Não chorem! que não morreu!
Era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!

Pobre criança! dormia:
A beleza reluzia
No carmim da face dela!
Tinha uns olhos que choravam,
Tinha uns risos que encantavam!
Ai meu Deus! era tão bela!

Um anjo d'asas azuis,
Todo vestido de luz,
Sussurrou-lhe um segredo
Os mistérios de outra vida!
E a criança adormecida
Sorria de se ir tão cedo!

Tão cedo! que ainda o mundo
O lábio visguento, imundo,
Lhe não passara na roupa!
Que só o vento do céu
Batia do barco seu
As velas d'ouro da roupa!

Tão cedo! que o vestuário
Levou do anjo solitário
Que velava seu dormir!
Que lhe beijava risonho
E essa florzinha no sonho
Toda orvalhava no abrir!

Não chorem! lembro-me ainda
Como a criança era linda
No frio da facezinha!
Com seus lábios azulados,
Com os seus olhos vidrados
Como de morta andorinha!

Pobrezinho! o que sofreu!
Como convulso tremeu
Na febre dessa agonia!
Nem gemia o anjo lindo,
Só os olhos expandindo
Olhar alguém parecia!

Era um canto de esperança
Que embalava essa criança!
Alguma estrela perdida,
Do céu c'roada donzela,
Toda a chorar-se por ela
Que a chamava doutra vida!

Não chorem, que não morreu!
Que era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!

Era uma alma que dormia
Da noite na ventania,
E que uma fada acordou!
Era uma flor de palmeira
Que um céu d'inverno murchou!

Não chores, abandonada
Pela rosa perfumada!
Tendo no lábio um sorriso
Ela foi-se mergulhar
— Como pérola no mar —
Nos sonhos do paraíso!

Não chores! chora o jardim
Quando murchado o jasmim
Sobre o seio lhe pendeu?
E pranteia a noite bela
Pelo astro, pela donzela
Morta na terra ou no céu?

Choram as flores no afã,
Quando a ave da manhã
Estremece, cai, esfria?
Chora a onda quando vê
A boiar uma irerê
Morta ao sol do meio-dia?

Não chores! que não morreu!
Era um anjinho do céu
Que um outro anjinho chamou!
Era uma luz peregrina,
Era uma estrela divina
Que ao firmamento voou!


(Álvares de Azevedo)


***

Descanse em paz, Maria Rita.

terça-feira, 3 de junho de 2008

O Tempo de um Instante

Esses dias, conversando com um velhinho simpático, pude perceber que o tempo passa de um jeito misterioso e único para cada um. A esposa dele desencarnou há uns três meses, mais ou menos, e ele, obviamente, ainda não superou a partida da companheira de longos anos. Estávamos sentados à mesa, batendo papo e rindo bastante, quando, como que tomado por uma melancolia intensa de alma quase sozinha, o senhor iniciou um discurso de retrospectiva, a respeito de seu casamento e de como havia sido feliz. Nós, os presentes, atentos ao exemplo de experiência, ouvimos com carinho o seguinte: “Em toda a minha vida eu só amei duas mulheres: a minha mãe e a minha mulher...”. Em seguida, ele abaixou a cabeça, pôs o queixo como que contra o peito e as lágrimas, sinceras e silenciosas, começaram a cair de seus olhinhos azuis...uma velhinha que estava ao nosso lado perdeu-se, durante o tempo daquele choro emocionado, em um silêncio consciente. Eu, observando aquelas duas figuras, acabei ficando meio sem chão...
O casamento do velhinho durou cinqüenta e dois anos e ele, pelo que notei, nunca se arrependeu de ter unido a sua vida com a da esposa. Quando ela adoeceu de vez, todos nós fomos testemunhas da tristeza do senhorzinho. Alguns, depois da morte da senhora, diziam: “Foi melhor assim...antes isso do que ela ficar presa a uma cama, sofrendo...”. Não posso julgar a veracidade dessa sentença, mas posso afirmar que, para aquele marido, a presença da companheira valeria de qualquer forma. E, claro, quando a morte veio, levou consigo uma vida toda construída a dois. Foram mais de cinqüenta anos, não ciqüenta minutos...e todos aqueles anos estavam ali, conosco, naquele choro sentido.


Quanto tempo dura, realmente, um instante?



by Laís Scodeler

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Simples e direto.

"Mostre-me uma família de leitores, e lhe mostrarei o povo que dirigirá o mundo."
(Napoleão Bonaparte)

Pronto. O post é só isso.

domingo, 1 de junho de 2008

E agora?

Sinceramente eu digo: minha inspiração acabou. Isso pode significar o fim desse blog, para alegria de uns, tristeza de outros e indiferença da maioria. Mas isso poderia significar o fim desse blog, não fosse por dois fatos: primeiro que estou junto com a Laís nessa empreitada e depois afirmo que posso ter perdido a inspiração, mas enquanto eu ainda sentir prazer em escrever, continuarei escrevendo.
Então, falemos sobre a inspiração. A inspiração é algo que ninguém sabe o que é, mas é algo que te deixa bom em um exato momento para fazer algo. Perdi minha inspiração? Não perdi nada. Já dizia Thomas Alva Edison, que um gênio (não que eu seja um) era 1% inspiração e 99% transpiração. Transpiração, no sentido de suor mental, de almejar sempre ser o melhor, obstinação. Não nos basta sermos razoáveis, temos de ser os melhores, mesmo que chamem isso de perfeccionismo. Perfeição que nunca vamos alcançar, pois somos seres limitados, embora às vezes nos achemos deuses. Deus(es), fonte de amparo, de dúvida, de fortaleza e, porque não, de inspiração. Acreditavam os gregos e romanos, existir um deus para o amor, outro para a colheita, outro para a guerra e tantos outros, um para cada coisa. Depois, o mundo passa à fase em que a maioria acredita na existência de um único Deus, que contradiz os romanos, principalmente a Marte, deus da Guerra, sendo um Deus que faz amor, não faz guerra. Belo slogan, não acha? Slogan do movimento hippie, que pregava a total liberdade e o fim das convenções sociais. Sociedade, um complexo conjunto de estruturas morais, pessoais e esdrúxulas que nos aprisionam a cada dia. Dia, carpe diem. Noite, carpe noctem. Aproveite-os, cada minuto de sua vida. Não se perca achando que não tem inspiração. Transpire e a inspiração virá. Almeje a perfeição, busque-a em Deus ou, se não acreditar que Ele exista, tente se tornar um. Faça o amor em todos os seus atos, repudie a guerra. Tente ignorar a sociedade, mas sem ignorar que você está inserido nela. Faça a diferença, não espere que as coisas venham a você.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Desacertos reflexivos...

Do G1:

Ivete e Amy Winehouse abrem Rock in Rio Lisboa

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É notícia ou jogo dos 7 erros?

sábado, 24 de maio de 2008

Eles nunca se vão...

"(...)Os mortos são na vida os nossos vivos, andam pelos nossos passos, trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem conosco." (Florbela Espanca)


Pensando melhor, os nossos mortos só morrem conosco quando queremos... e, como não quero que este morto, em especial, morra comigo, escrevo estas poucas, porém sinceras, linhas...

Às vezes, me perco em pensamentos e, do nada, ele me vem em mente. Até alguns dias não sabia exatamente o porquê. Há pouco tempo descobri que não só esse, mas os meus mortos, voltam para mim porque estão sempre dizendo algo. Eu os ouço e percebo o quanto me fariam falta se não me tentassem dizer qualquer coisa. Nem sempre as coisas são ditas como queremos ouvi-las, pois, nem sempre as ouvimos, de fato. Também descobri, com o passar dos tempos e das horas tristes, que os mortos são companhia...mesmo quando morremos de medo só de pensar que eles podem estar ali, espiando...e eles espiam...como espiam...e isso não é o BBB!
Os nossos mortos não estão somente nas nossas almas, estão também nos nossos gestos...sabemos que estão sempre ao nosso lado e que, por mais depressa e angustiante que seja o passar do tempo, contaremos os segundos para reencontá-los.


"A sua sombra debruçou-se sobre o meu ombro, no silêncio das tardes e das noites, quando a minha cabeça se inclinava sobre o que escrevia; com a claridade dos seus olhos límpidos como nascentes de montanha, seguiu o esvoaçar da pena sobre o papel branco; com o seu sorriso um pouco doloroso, um pouco distraído, um pouco infantil, sublinhou a emoção da idéia, o ritmo da frase, a profundeza do pensamento.

Bastar-me ia voltar a cabeça para o ver..."
(Florbela Espanca)


Post dedicado a uma pessoa muito especial.


by Laís Scodeler

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Desacertos reflexivos...

Índios fazem quatro reféns em protesto no interior de SP

Índios de Avaí, no Centro do estado de São Paulo (a 382 km da capital), fazem reféns quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) desde a noite de terça-feira (20). Eles protestam contra a possível mudança do escritório da fundação em Bauru (a 343 km de São Paulo) para o litoral paulista.

A rodovia que liga Bauru a Marília chegou a ser interditada. Mais de duzentos manifestantes bloquearam a estrada usando tratores e galhos. Um carro da Polícia Rodoviária que transportava córneas de Marília para Bauru ficou parado por duas horas no congestionamento. Os índios queriam que os agentes da Funai comparecessem ao local.

****

Comentário 1 (irônico): Depois dessa notícia, eu que quero a demarcação da minha reserva aqui.

Comentário 2 (histórico): Inverteu-se a vantagem que os descobridores da América tinham.

Comentário 3 (irritado): Minha vontade é fazer uma "doação" com as córneas desses índios, que podem ter perdido esperança para algumas pessoas.

domingo, 18 de maio de 2008

Outra estrela que nos deixa para iluminar mais de cima...

"Chego à vossa ilustre companhia, talvez trazida por uma estrela. Venho para ocupar com orgulho e, sobretudo, com humildade, a Cadeira que foi, durante 40 anos, de Jorge Amado, Cadeira que tem como fundador Machado de Assis e cujo patrono é José de Alencar. Três escritores da minha paixão, escritores da maior grandeza que tiveram, cada qual com seu estilo, o poder de transportar-me em mundos de magia, na emoção da leitura de seus livros a embalar meus sonhos, fazendo-me descobrir a beleza e as maldades da vida."
(Trecho do discurso de posse de Zélia Gattai ao ingressar na Academia Brasileira de Letras)

A mesma estrela que a conduziu, no ano de 2002, à posse da Cadeira de número 23, na ABL, teve no dia 17/05/08 a função de erguê-la a um lugar mais digno de sua presença. Muitos a conheciam simplesmente por sua relação extremamente longa com Jorge Amado, afinal, foram 56 anos de união apaixonada. Entretanto, ela foi e sempre será muito mais do que a sombra de seu eterno companheiro. Para os que leram suas obras, ela representa um olhar sensível e capaz de ultrapassar as fronteiras de simples palavras. Para os que ainda não tiveram essa oportunidade, fica aqui a nossa sugestão. Talvez o início nas artes através da fotografia a tivesse tornado mais sensível às coisas e aos mundos que a cercavam. Falecer aos 91 anos não é para todos...é para poucos. Agora a escritora torna-se realmente imortal.

Como ela bem disse: "Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores."

"O meu materialismo não me limita..."- Jorge Amado

Enfim juntos...


by Laís Scodeler

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Poema para os médicos!

Já que eu divido o blog com um futuro médico, nada melhor que escrever sobre os médicos e sua nobre profissão, né?

Taí Chicão...para a sua felicidade...kkkkkkk


Olhos no Escuro

Ao João Paulo...

Estão sob juramento divino
que lhes confere poder e proteção,
nascem desde sempre com o mesmo destino:
caminhar mansamente entre luzes e escuridão.

Trazem consigo a bagagem da eternidade
zelando pelos que buscam, apreensivos, a salvação.
Não dormem, fecham os olhos por necessidade
para abri-los novamente em outra dimensão.

Suportam sombras e medos
sem esquecer sua nobre missão:
assegurar que os suspiros seguros entre seus dedos
não escorram, doloridos, para a imensidão.

Levam a esperança em forma de gente
através da serpente envolvendo o bastão,
e quando sofrem ou choram tristemente
fazem dos céus o seu único chão.

Permanecem embalados pelo conhecimento
que lhes chama constantemente à razão
porque não se deixam levar pelo tempo
ao terem as mãos presas à elevação...


by Laís Scodeler

domingo, 11 de maio de 2008

Dia das Mães!

Não tem como deixar o Dia das Mães passar em branco, afinal, mãe é mãe e todas as nossas mães merecem os parabéns! Sabemos que é complicado viver em família, mas o que seria de nós se não tivéssemos uma? Todo mundo briga, chora, discute e no fim dá tudo certo...ou não...bem, nem sempre as coisas saem como planejamos, especialmente quando estão relacionadas aos nossos familiares. Existem laços, teias e nós que nos ligam a eles sem que estejamos, de fato, atentos a isso. Muitas famílias acabam virando pó, ao passo que outras renascem das cinzas...injusto? Até que não, se levarmos em conta os nossos atos e esforços para que tudo REALMENTE termine com um "happy ending".
Em toda a nossa história de vida elas tentam ao máximo estar conosco, fazem o possível para as coisas saírem como a gente quer, vão às nossas festinhas de escola, ao nosso baile de formatura, dão conselhos nas horas certas(nem sempre tão certas assim...), se desesperam quando não falamos porque estamos cohorando naquele exato momento e, principalemte, nos ajudam a levantar, desde sempre, quando levamos os piores tombos. Até nas novelas, na Duas Caras, por exemplo, quem continua ao lado da vilã? A mãe, né...(quem vive dizendo que vai cuidar da Silvia? Só a Branca mesmo...). Quantas vezes já vimos mães de criminosos dizendo: "...meu filho é um menino bom...só cometeu um erro...". Então...não tem como não agradecer o cuidado e a dedicação de todos os dias, cada uma a seu modo, mas todas com um único objetivo: fazer a gente feliz!
A todas as mães, aqui fica o nosso sincero agradecimento. Obrigada por tornarem o nosso caminho mais brando e os nossos dias muito mais interessantes e especiais! Do fundo do nosso coração: feliz Dia das Mães!!!

by Laís Scodeler

sábado, 10 de maio de 2008

O que é o amor?

"A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc."

Ainda dizem que existem várias formas de amor:

Eros: representa a parte consciente do amor que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atração física, e freqüentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido também é sinônimo de relação sexual.

Psique: representa o sentimento mais espiritual e profundo.

Pragma: (do grego, "prática", "negócio") seria uma forma de amor que prioriza o lado prático das coisas. O indivíduo avalia todas as possíveis implicações antes de embarcar num romance. Se o namoro aparente tiver futuro, ele investe. Se não, desiste. Cultiva uma lista de pré-requisitos para o parceiro ou a parceira ideal e pondera muito antes de se comprometer. Procura um bom pai ou uma boa mãe para os filhos e leva em conta o conforto material. Está sempre cheio de perguntas.

Ágape: em grego, significa altruísmo, generosidade. A dedicação ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica esse estilo de amor entrega-se totalmente à relação e não se importa em abrir mão de certas vontades para a satisfação do ser amado. Investe constantemente no relacionamento, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando o outro demonstra alegria. No limite, é capaz até mesmo de renunciar ao parceiro se acreditar que ele pode ser mais feliz com outra pessoa. É visto por muitos, como uma forma incondicional de amar.

Storge: valoriza a confiança mútua, o entrosamento e os projetos compartilhados. O romance começa de maneira tão gradual que os parceiros nem sabem dizer quando exatamente. A atração física não é o principal. Os namorados-amigos não tendem a ter relacionamentos calorosos, mas sim tranqüilos e afetuosos. Preferem cativar a seduzir.

Poeticamente, seria definido assim:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(Luís Vaz de Camões)

Entre todas essas, fico com Machado de Assis:

"A melhor definição de amor não vale um beijo."

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Brigar pra quê?

Rivalidades à parte, nesse fim de semana foram decididos diversos campeões estaduais pelo país e alguns campeões nacionais na Europa. Mas meu maior objetivo ao escrever aqui, campeão, não é falar do que aconteceu dentro de campo, mas sim do que aconteceu fora dele durante a comemoração dos títulos.
Ao Flamengo, campeão no Rio de Janeiro, não faltaram motivos para, mais uma vez, zombar com o chororô do Botafogo. Obina, Léo Moura, Souza e Cristian repetiram o gesto já lançado por Souza durante a partida contra o Cienciano pela Libertadores da América. A diferença, é que, agora o campeonato acabou. Souza naquele jogo comemorou precipitadamente, o que acirrou ainda mais a rivalidade entre as torcidas e incomodou o time do Botafogo, o que poderia ter tirado o título do Flamengo. Quanto à torcida, show. Show da torcida rubro-negra campeã e show também da torcida alvinegra. Enquanto o Botafogo ainda tinha chances, a torcida empurrou o time com o clássico: "E ninguém cala... esse nosso amor". Já a torcida do Flamengo embalou o time com "Eu sempre te amarei... Onde estiver estarei." e a nova "Vamos Flamengo".
Em Minas, um campeonato já decidido no primeiro jogo, sagrou o Cruzeiro campeão. A torcida do Cruzeiro comemorou muito o título no ano do centenário do Atlético, cantando inclusive "Parabéns pra você" no estádio. No Sul, a torcida colorada mostrou que estava com o time mesmo após a derrota na primeira partida e lotou o Beira-Rio para empurrar o time para a histórica goleada por 8x1 em cima do Juventude.
Mas a parte que eu quero narrar, campeão, vem de São Paulo. Parte essa que eu preferia não ter que narrar, mas preciso fazê-lo. O Palmeiras, depois de 12 anos, "saiu da fila", vencendo o Campeonato Paulista. Uma vitória linda no Palestra Itália, com 5x0 sobre a Ponte Preta, 3 gols de Alex Mineiro, que terminou artilheiro e consagração de Valdivia como o craque do campeonato. Os jogadores rasparam os cabelos como promessa. Até aí tudo bonito. O episódio triste fica por conta da torcida verde. Após o título, integrantes de uma torcida organizada palmeirense entraram em confronto com a PM por tentar invadir o Palestra Itália. Simplesmente não entendo. Os cariocas dirão que paulistas são bobos assim mesmo. E confesso, tenho sido obrigado cada vez mais a concordar. Embora desde já, afirmo, não são todos. Já perdi a conta de quantas vezes torcedores do Corinthians invadiram o gramado do Pacaembu e derrubaram alambrados em derrotas do time e também quantas vezes torcedores do Palmeiras já entraram em confronto com a PM. Fora o quebra-quebra que ocorre em toda a cidade quando os dois times se enfrentam ou enfrentam o São Paulo.
O que leva esses torcedores a fazer isso? Pergunte a eles e lhe garanto que a resposta será: "Por amor ao Palmeiras." "Tudo pelo Corinthians". "Pelo Tricolor vale tudo". Que amor é esse? Sinceramente, isso não é forma de amor. Amor é aquele mostrado ao time empurrando-o durante o jogo, reclamando pacificamente quando o resultado não é satisfatório, mas nunca brigando. Essas atitudes já não são louváveis quando o time perde, que dirá durante uma conquista tão desejada pelos torcedores.
Depois, o estádio é interditado e a torcida organizada fechada (o que tem sido cogitado pela PM) e não sabem porquê. Pelo fim da violência no futebol.

E olha que não é a primeira vez que reclamo das torcidas de futebol...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Olhos de mesmice: ninguém merece!

Heráclito de Éfeso foi um dos filósofos pré-socráticos mais importantes da filosofia clássica. Para muitos, foi, possivelmente, o mais brilhante. Entretanto, o que mais chamava sua atenção era a questão da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas particulares e transitórias. Calma...eu explico...
Essa manhã, quando estava voltando para casa, deparei-me com uma questão deveras interessante. Ao observar o contexto no qual estava inserida, percebi que nem sempre é possível olhar para as coisas como Heráclito sugeria. Para os que não conhecem, há um pensamento consagrado por ele e, posteriormente, pelos estudiosos de filosofia e observadores de plantão: “Tudo flui ,nada persiste, nem permanece o mesmo”. Tudo bem...é impossível discordar, mas, às vezes nem sempre conseguimos enxergar, na nossa rotina tão monótona, ou tão corrida, o curso das coisas. Que a vida é também um rio nós sabemos, mas quando realmente percebemos, como Heráclito observa, que não é possível mergulhar duas vezes no mesmo rio, pois, na segunda vez nem o mergulhador nem o rio são os mesmos? Pois é...é aí que mora o perigo. Há vezes em que não se pode olhar as coisas mudando, simplesmente porque nossos olhos estão repletos de mesmice. Claro que nós também mudamos, isso é fato. O desafio reside justamente em perceber as nossas mudanças e, ao mesmo tempo, não fechar os olhos para o que nos cerca.
Hoje as coisas me pareceram terrivelmente iguais e, ao lembrar o que essas idéias pré-socráticas pregam, pensei o quão estranho seria enxergar o cotidiano enquanto cotidiano, como se ele fosse o uno, ou, para o próprio Heráclito, aquilo que simplesmente é, enquanto o que nos envolve muda completamente, bem como a gente. Ou seja, tudo partiria e seria feito de cotidiano. Isso mesmo. É muito complicado pensar assim, mas é também um convite a não deixar de pensar e, obviamente, a não deixar de pensar a vida presente como sendo algo que compõe e comporá o nosso futuro, ou, o curso das coisas, o que flui e fluirá...

by Laís Scodeler

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Onde os fracos não têm vez

Não, eu não estou falando do filme vencedor do Oscar. Estou falando de política. E tem algum tema mais apropriado para esse nome? Ano de eleição para prefeituras municipais. Mas o que já se desenha são as eleições presidenciais de 2010. Quem pode suceder a Lula? Os fracos (leia-se Dilma Rousseff, Cristóvam Buarque, Heloísa Helena, Jorge Bornhausen) não têm vez alguma.
Mas já que usamos o nome do filme, vamos fazer analogias. Lula pode ser comparado a Ed Tom Bell, personagem de Tommy Lee Jones. Aquele velho xerife, prestes a se aposentar, mas com problemas: não tem um bom sucessor, e deseja resolver algumas coisas antes.
José Serra é Anton Chigurh, o assassino interpretado por Javier Bardem. Ascendeu na política friamente. Geraldo Alckmin pode ser comparado a Carson Wells, que vêm para tentar deter Chigurh e se impor, mas sendo da mesma estirpe do primeiro. Já Aécio Neves é o caçador Llewelyn Moss, do qual não se consegue saber muito: a princípio é mocinho, mas também tem tendências de bandido e vice-versa.
E, assim como no filme, o final pouca gente consegue entender.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

In Formação (d)e Opinião

É campeão, você acha que vive na área do amplo acesso à informação e à verdade em tempo real, sendo impossível esconderem certas coisas? Pois é, você se enganou. O que temos é quantidade de informação e talvez até mesmo qualidade, mas uma qualidade arraigada de subjetivismo controlado pelos grandes meios de comunicação em massa. E para essa idéia pesam dois fatos: destaque para a informação que vende e propagação do pensamento de quem detém os meios de informação.
Tomemos como exemplo o caso Isabella Nardoni. Não discuto a sua brutalidade, que é claramente assustadora, mas cabe ressaltar a repercussão que isso tomou. Há tantos crimes bárbaros no país, como mortes a foiçadas, machadadas (sim, campeão, isso acontece e, infelizmente, com alguma freqüência). Outro dia ouvi no rádio a notícia de um irmão que matou o outro a machadadas por ciúme familiar, mas essa notícia ocupou 15 segundos da programação, enquanto o caso Nardoni ocupou mais de 5 minutos. Para mim, esses dois crimes são bárbaros da mesma forma. Há no caso Nardoni a questão do infanticídio mas não consigo ficar mais chocado com o arremesso da menina que com a história das machadadas.
Depois, campeão, vamos lembrar de aproximadamente um mês atrás. Faça uma força e lembre qual era a grande notícia nos jornais e telejornais de nível nacional: a epidemia de dengue no Rio de Janeiro. E não é que de uma hora pra outra a epidemia acabou? Foi só Isabella morrer que ninguém mais tem dengue no Rio de Janeiro. Se as autoridades cariocas soubessem disso tinham mandado jogar a menina antes. É sádico, mas é a mídia fazendo acontecer. E na comparação desses dois casos, não vejo a razão de se ter destaque para o caso Nardoni. Sabe o que essa ampla divulgação tem feito? Incutado o medo em filhos de pais separados. Diversas crianças estão com medo de ir para a casa do pai ou da mãe. E olha que agora a culpa nem é daquela madrasta malvada dos contos de fadas. Ou ainda, fazendo uma comparação numérica grosseira, vemos que o caso Nardoni matou uma pessoa enquanto a dengue matou dezenas no Rio de Janeiro. O caso Nardoni foi pontual, enquanto a dengue é uma epidemia que se alastra. Isso somente para demonstrar o quanto a mídia mostra somente o que interessa a ela.
Você não deve ter visto, mas no carnaval carioca, logo após o título da Beija-Flor de Nilópolis (não vou dizer que só ganhou porque era a escola ligada à maior rede de comunicação do país porque não tenho provas), uma repórter cortou uma entrevista de um diretor da escola na maior cara de pau quando ele começou a criticar a mídia.
Você ainda compra um pensamento quando você lê sua revista, seja ela a Veja ou a Carta Capital. De preferência leia as duas, campeão. Além de ler ser algo importantíssimo, você terá informação dos dois lados e tirará suas próprias conclusões, essas, quiçá, livres de uma presença da opinião da mídia. Mas o que me alegra é que você campeão, sabe muito bem que a vida real é muito diferente do que aparece na TV. Para encerrar, um trecho de uma música que você, campeão, vai ver que ela faz total sentido na sua vida e sentido algum nas novelas.
"Vamos sair!

Mas não temos mais dinheiro

Os meus amigos todos

Estão, procurando emprego...
Voltamos a viver

Como a dez anos atrás (...)"

(Teatro dos Vampiros - Renato Russo e Marcelo Bonfá)

Um forte abraço.