quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lei da relatividade

Em 2005, subiu o preço da passagem de ônibus em JF: de R$1,30 para R$1,55. Todo mundo reclamou, xingou, organizou passeata contra o aumento e muito mais.

O tempo passou, a passagem subiu para R$1,75.

Em 2008, um decreto judicial manda que o preço da passagem retorne de R$1,75 para R$1,55. Todo mundo comemorou o novo preço da passagem.

Tudo é relativo, até o prejuízo que a gente toma.

domingo, 17 de agosto de 2008

Citius, altius, fortius

Incontestável. Bárbaro. Magnífico. Faltam adjetivos para definir Michael Fred Phelps II, ou simplesmente Michael Phelps, ou ainda, o maior atleta de todos os tempos. Os números dizem mais que qualquer outro argumento que eu possa apresentar aqui: 16 medalhas olímpicas em 17 provas disputadas. 14 de ouro e 2 de bronze. A prova que ele não ganhou medalha? Nas olimpíadas de Sydney (2000), Phelps tinha 15 anos de idade e chegou em quinto nos 200m borboleta. De lá pra cá, Atenas (2004) e Beijing (2008), 14 ouros em 16 provas. Sendo 8 dessas medalhas de ouro nos jogos de Beijing, superando o recorde do também americano Mark Spitz, que havia ganhado 7 medalhas de ouro nos jogos de Munique (1972). Nessas 8 provas, Phelps bateu 7 recordes mundiais e 1 recorde olímpico. Incrível.
Mesmo diante de tamanho poderio, cabe a nós exaltar uma conquista. Um atleta que conquistou "apenas" 1 ouro e 1 bronze: o brasileiro César Cielo Filho. Ouro nos 50m livre, o que faz de Cielo o nadador mais rápido do planeta. E ainda, bronze nos 100m livre, mesmo tendo largado na raia 8, a raia de quem se classifica com o pior tempo para as finais.
Sempre que um brasileiro chega ao lugar mais alto do pódio, a primeira palavra que vem à cabeça é superação. Todos nós sabemos o quanto é difícil chegar ao ouro olímpico, sobretudo para quem vem de um país que valoriza tão pouco o esporte. E a própria história de Cielo mostra essa dificuldade. Ele teve que abandonar a família no Brasil e ir para Auburn nos Estados Unidos, para conseguir treinar em alto nível. Seu choro é o mais certo e compreensível. Esforço, saudade, tudo recompensado agora. Como disse o próprio Cielo, “era um sonho meu de criança. Nunca imaginei que eu fosse chegar onde eu estou hoje. Eu sou campeão olímpico”. Muitos brasileiros têm esse sonho. Mas essa medalha é mais uma prova de que vivemos em um país que pode dar certo. Determinação e vontade nunca faltaram nem nunca faltarão aos brasileiros.
E durante um momento, essas duas histórias se cruzaram. Enquanto Cielo entrava para nadar os 50m livre objetivando a primeira vitória da história da natação brasileira em Olimpíadas, Phelps voltava do pódio, após receber a sua 13ª medalha de ouro e disse ao brasileiro: "Cara, você viu o que eu fiz? Fui lá e ganhei por um centésimo. Você vai ganhar por um centésimo ou vai perder por um centésimo? Então vai lá e bate na parede". Não foi um centésimo. Foram 15 de vantagem para o francês Amaury Levaux e um recorde olímpico, já pertencente ao próprio Cielo, batido. A concentração de Cielo e as eficientes braçadas o levaram ao local mais alto. Não importa se foram 14 ouros ou se foi 1. Os dois fizeram história à sua maneira. Mas ouvir o hino nacional brasileiro, ahh, foi muito melhor, mesmo que tenha sido apenas uma vez.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O que somos...

Não somos unicamente porque precisamos
quando somos e deixamos ser...
há uma verdade no que não sentimos nem mostramos
verdade que cisma em não querer.

Os nossos abismos são de sede
sede que nos mata o não beber...
os nossos muros são ecos na parede
ecos que engolem sem saber.

A nossa embriaguez nos alucina
consome, transforma, faz sofrer
porque nós somos donos e escravos em sina
somos únicos quando podemos ter...

temos não por necessidade de vida
mas simplesmente porque nos faz viver
vivemos cabisbaixos o mundo, sem chão, sem partida
vivemos os dias a adormecer...

dormimos porque não queremos
não queremos ver
estamos sós no que seremos
pois seremos queda, sem espaço para erguer.


by Laís Scodeler

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Chão dos Homens

Quem conhece o ser humano sabe, mesmo que não por experiência própria, o quão difícil é confiar nele. Uns ainda levam fé na humanidade, outros tantos já perderam, e com razão, os filetes de esperança que ainda restavam. “Não se pode confiar nos homens...”, dizem os desacreditados. Mas, e quanto ao diabo? Há os que defendem a idéia de que se pode confiar até no “coisa-ruim”, entretanto, é necessário ser cuidadoso no que diz respeito aos humanos, justamente porque são humanos, e como tal, não são criaturas de fácil trato e nem de caráter generalizável.
Numa de suas andanças pelo mundo, o diabo, disfarçado de homem, deparou-se com uma mulher que, sem percebê-lo, cantarolava solitária ao estender uns poucos trapos no varal. Ele, como criatura dos infernos, há muito turista de mundos diversos e conhecedor das mais raras formas, viu-se extremamente admirado com a beleza da moça. Esta, simples mas bem cuidada, chamava-se Lis e era casada com um agricultor humilde e de muito valor que passava a maior parte do tempo trabalhando na fazenda do patrão latifundiário. Lis cuidava de suas obrigações durante o dia e, de noite, costumava esperar o marido olhando a lua.
Na noite de lua cheia, o diabo, inconformado por não conseguir deixar de pensar naquela criatura tão divina, ainda que humana, decidiu quebrar algumas regras que separam terra e inferno disfarçando-se de vendaval para raptá-la. A coitada, completamente desorientada, ao ser levada naquela velocidade, pensou que o fim dos tempos havia chegado. Quando foi posta no chão, não viu o diabo como diabo, e sim como um belo homem. Durante alguns poucos instantes, não acreditou que ele fosse homem, mas anjo, e perguntou, com toda a sua ingenuidade, se o mundo estava acabando. O tinhoso, esperto, disse que sim e que a estava salvando. A moça caiu em pranto! Como poderia viver sem o marido? Então, Lis engoliu o choro e disse: “olha seu anjo-moço, sem o Zé, meu marido, eu não posso viver...se ele morre, eu morro junto. Se o mundo acabar e levar o Zé, eu acabo também...sem o meu Zé eu não sou nada.”
Depois da declaração apaixonada, o diabo, que de anjo não tinha nada, muito menos as asas, encolerizou-se com a moça e puniu-a de um jeito bem diabólico, diga-se de passagem. Quando Zé, desesperado com o sumiço misterioso da esposa, parou de trabalhar porque não agüentava mais a dor da perda que sentia, o tinhoso, cheio de ódio no peito vazio, arrastou Lis pelos cabelos e enterrou-a debaixo do chão que seu marido cuidava. Ao voltar ao trabalho, Zé sentiu algo estranho, mas nem de longe poderia imaginar o motivo que o fazia sentir-se daquele jeito. Lis ouvia, então, o choro sentido do marido quando tratava da terra, mas nada podia fazer.
Quando o sol caiu, o diabo apareceu para Zé e apresentou-se como sendo o diabo mesmo, sem enganação e sem pseudônimo e foi muito sincero com o agricultor: “Numa dessas minhas andanças pelo mundo, vi sua esposa e me apaixonei por ela! Como ela não me quis, eu a escondi de você! Se quiser a Lis de volta, vai ter que me dar a sua alma...”. O pobre, que não agüentava mais tanta tristeza, concordou. O diabo, que não é bobo, tratou logo de arrancar a alma do moço e garantir mais um na sua morada. Quando as três gotas do sangue de Zé caíram ao chão, o tinhoso virou vendaval de novo e puxou-lhe a alma pela boca. O corpo do homem caiu e a terra deu conta do resto... Lis sentiu quando o marido chegou, mas não como sempre fora, para lhe fazer companhia. Sua tristeza foi tanta, mais tanta, que ela não agüentou. Durante dias, suas lágrimas escorreram por aquela terra, aquele chão...tempos depois, cresceu ali uma flor, conhecida posteriormente por “flor-de-lis”...
O diabo continua sendo diabo e andando pelo mundo. O homem continua sendo homem e andando pela terra, mesmo que não dure sobre ela...


by Laís Scodeler

sábado, 2 de agosto de 2008

Nuvens

O Chicão escolheu a minha palavra! "Nuvens"


As crianças nascem muito antes do que pensamos. Muitos pais olham para o céu e desejam, com força, um filho. Aí já temos, ainda que não fisicamente, um nascimento, visto que desejos também podem criar. Para a maioria, não importa o sexo do bebê, e sim que ele nasça com saúde, mas todos nascem, cada um de um jeito, predestinados a alguma coisa.
Quando os pais de uma menina fraquinha e diferente olhavam para as nuvens, pediam o que todos os outros pedem e tinham desejos praticamente comuns aos de inúmeras pessoas que estão constituindo uma família. No entanto, nem tudo o que desejamos vira fato consumado e nem todas as nossas preces são preces propriamente ditas.
“Essa menina é estranha...”, diziam os familiares ao olhá-la embrulhada nos panos que a protegiam do frio, mas que não a guardavam dos julgamentos dolorosos e das mesuras tortas. “Parece que os olhos dela não são normais...”, arriscavam outros, curiosos com o que viam. Os pais, tristes e infelizes com as supostas preces não atendidas, repetiam, envergonhados, a mesma ladainha: “É que ela é cega de um olho, coitadinha...e nós rezamos tanto antes dela nascer...”
O tempo passou e a pobre cresceu enxergando tudo “pela metade”, como insistiam os de seu convívio. Mesmo assim, isso não fazia diferença pois, mesmo não sendo igual aos que a conheciam, não deixava nunca de olhar para o céu. Todos têm um céu único, particular, escondido. O de muitos é chuvoso, escuro, triste...o dela era repleto de nuvens que ela, aparentemente,não via por completo. Ainda assim, a pequena, com toda a sua imperfeição, fazia questão de olhar para as nuvens todos os dias e também fazer suas preces. Não pedia para ser como os que a cercavam, nem pedia bonecas. Pedia somente que pudesse, mesmo que “pela metade”, continuar enxergando o céu, que, por mais incompleto que fosse, era seu.
Um belo dia, a mãe da menina ouviu o desejo que a filha murmurava sozinha e discreta em seu quarto. Sem saber muito o que pensar, lembrou-se de quando também erguia suas preces ao alto e tentou, inutilmente, entender porque o seu bebê tão bem desejado não era como gostaria que fosse. A resposta veio logo em seguida, ao olhar para a criança que, sem perceber sua presença, sorria. Desejos são, por melhores que possam parecer, como nuvens. Esfumaçam, se perdem, se transformam e, quando chegam ao céu, já não são como antes, por isso, não se realizam como gostaríamos...já alguns, simplesmente evaporam, criando o inexplicável.



by Laís Scodeler

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre tudo e sobre nada.

Razão
Nêutron
Futebol

Paixão
Eu
Brasil
Cachaça
Lágrima
Você
Guerra
Fogo
Sonho
Distância
SOS
Força
Sol
Trabalhador
Amor
Brilho
Dentro
Nuvens
Coração
Beleza
Mar
Se
Chão
União
Sal

Queria escrever sobre tanta coisa. Mas não quero escrever sobre nada.
Então aí estão as palavras. Tudo que andei pensando desde o último post.

Bem, agora cada um faz seu texto. Com essas palavras. Em sua própria mente. (Se quiser colocar seu texto nos comentários, fique à vontade). Fica melhor assim.