segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Novos Dias

Os novos dias trazem um gozo inquieto
-ardência viva de animação!
E é sempre um fogo queimando indiscreto
a volúpia doce dessa sensação...

A luxúria é o vício inebriante
dos que bebem e caem ao chão:
corpos e formas são fumaça pairante
(delírio, vaidade, repetição!)

vem sempre um desejo de insanidade
-louco tormento de inquietação!
Os dias são a tontura da idade
que a vida afoga em tesão!

A noite é a chama que aquece
a pele ardendo paixão!
De lábios, braços e mãos o branco escurece
a cor púrpura da devassidão

Os novos dias são de treva
insolidez tão pura de ilusão...
os olhos não cabem onde a luz os leva:
é tudo irrealidade, sonho, imperfeição...


Mistério dos mundos

Os que são agora o sono das gentes
elevam-se a nós em pálidas fumaças:
são apenas tristes penitentes
vultos perdidos em muitas vidraças!

São passantes aéreos de mundos distantes
erguidos em épocas de remota descrição...
e a inconstância sonolenta de antigos andantes
persegue os acordados em louca aparição

traçam seus caminhos e marcam suas dores
nascem suspirando e se perdem em pranto
e deixam para os outros negras flores
quando embalam o mundo em fúnebre canto...

uma linha tênue se instala perdida
sobre os que veem entre a nebulosidade
-e um mistério perpassa a dor vivida
para nos levar além de qualquer localidade

a morte é ausência e a ausência é constante
constante de absoluto adormecimento:
pois o que nos faz nos destroi a todo instante
quando se percebe que o mundo é breve e a vida, vento...


by Laís Scodeler

sábado, 25 de julho de 2009

Cel. Sarney

45 anos. Desde 1964, o país conviveu com grupos extremamente opostos no poder. A esquerda de João Goulart, a extrema direita dos governos militares, o neoliberalismo de Fernando Henrique e o assistencialismo de Lula. Mas, uma coisa coexistiu durante todos esses 45 anos: o apoio de José Sarney a quem quer que esteja no governo. As denúncias de nepotismo são somente a ponta de um iceberg, que é a vida política do Senador Sarney.
Sarney é, na verdade, um remanescente dos coronéis da República Velha. Com a morte de ACM, talvez seja o último presente no Senado Nacional. Manda e desmanda no estado do Maranhão. Controla até a mídia local, sendo dono das principais emissoras de TV do estado. Sua filha, Roseana, é a atual governadora.
Apesar de mandar e desmandar no Maranhão, José Sarney é senador pelo Amapá. Sim, embora a relação dele com o Amapá seja tão íntima quanto a que tenho com Barack Obama.
45 anos sempre ao lado da situação. Se ninguém nunca entendeu, hoje é capaz de fazê-lo: Sarney precisou empregar filhos, netos, namorados de netas durante todo esse tempo. Claro, sem concurso público, e muitas vezes em funções desnecessárias.
Sarney deve renunciar à presidência do Senado. Não para que evitê-mo-lo ou para evitar seus atos (secretos e publicados), esses continuarão. Afinal, acontença o que acontecer, ele continuará apoiando quem estiver no poder e estará no poder. Sua renúncia à presidência da Casa deve servir para a moralização do Senado Brasileiro, para que se evitem episódios lamentáveis, como as declarações infelizes do presidente Lula chamando os senadores de "pizzaiolos" e a publicação de uma revista inglesa chamando o Senado Brasileiro de uma "Casa de Horrores". Não estão errados, embora sejam ofensivos.
Sarney não precisa de todos esses ataques (justos, diga-se de passagem). Como homem público, sábio, (é membro da Academia Brasileira de Letras), deveria renunciar. Em no máximo 2 anos, estaria de volta aos holofotes, como já fez várias vezes ao longo desses 45 anos. Conseguiria sugar o que quisesse fora da presidência do Senado. Infelizmente, seria assim, embora não queiramos acreditar.
Se seu sucessor será um problema também, ainda saberemos. Entretanto, arrumamos a Casa resolvendo um problema de cada vez.

sábado, 30 de maio de 2009

existencialismo

Quando nascemos existencialistas, nascemos diferentes. Nascemos carregados de questionamentos e de perguntas meio sem perspectiva de resposta. Também não queremos que nos respondam tudo, afinal, é justamente essa ausência de solução que nos faz sermos o que somos: questionadores. É esta forma de vida que nos faz estranhamente complicados, estranhamente distantes, incontentáveis. Não é que façamos questão de nos distanciar, é que acabamos sendo distanciados. Não sabem lidar conosco. Nos confundem, nos julgam mal.
Nascemos um pouco mortos, um pouco adormecidos. Depois, com o passar dos dias, morremos a parte viva que tinha vingado. Sim. Morremos. Não matamos. Morrer e matar são duas coisas bem diversas. Todos os dias nos perpassa uma melancolia insistente que transborda, vai além de nós mesmos. Somos existencialistas e não carentes. O existencialismo engole a carência do mesmo modo que a Literatura engole uma simples palavra, a não ser que essa simples palavra seja Literatura, aí, temos uma situação de igualdade.
Uns dizem que todo ser humano é um pouco existencialista. Pode ser. O que muda, então, é a amplitude, a projeção que isso tem na vida de cada um. Alguns nem têm essa projeção, esta forma de macrocosmo. Os que têm sabem bem como é. E o nosso objeto projetado não é maiúsculo, do tipo Existencialismo com nome definido: Sartre, Camus. Muito prazer. Não...nós somos minúsculos: existencialismo. Sem nome forte, sem rosto, sem filosofia bem discutida. Somos filosofados porque não nos compreendem, ainda que saibam bem definir aquele outro, o Existencialismo.
Conosco as coisas são um pouco mais escuras, mais indefiníveis mesmo. Todos os dias nos encaramos, nos olhamos no espelho e tudo é bem incerto. Não temos pretensão de certeza nem intenção de acertar. Temos somente uma coisa: aquela condição de vida, aquela dorzinha que veio junto com o primeiro suspiro, o primeiro abrir de olhos, a inspiração. De que nos valeria a vida sem isso? Sem esta (in)capacidade de explicar muito bem o que nos torna amórficos, voláteis, imprevisíveis...sem este sopro de coisa nenhuma que nos acorda mais cedo sempre...somos existencialistas, somos doloridos.
Não buscamos compreensão ou ajuda, já que não temos, de fato, um problema. Temos apenas uma condição de existência que faz com que sejamos mais tristes ou menos explícitos. Às vezes, não estamos tristes ou infelizes, estamos em silêncio, questionando o porquê de estarmos assim, tão quietos, tão compenetrados em nós mesmos. O silêncio é uma coisa importante porque colabora com a produção do que nos move: questionamento. A solidão vem junto com o silêncio e isso não nos incomoda de todo. Somos existencialistas, precisamos de tempo e espaço para entender isso. Quando entendemos e aceitamos quem somos e porque somos, descobrimos maneiras de amenizar nossos reais problemas.
Somos fragmentados não porque queremos, mas porque também fragmentamos. Somos inconstantes porque não nos cabe a condição da constância imposta, socializada. Preferimos ser o que somos, ainda que isso nos cause um certo incômodo. Estamos acostumados com as tristezas que nos acometem, que nos intrigam. Isso não nos faz menos do que somos, pelo contrário. Define nossa condição ainda mais. Não lutamos contra nós mesmos, nem contra nada de forma direta. De início, o que nos preocupa é questionar, as ações vêm com o tempo, e nós não. O tempo não nos preocupa, nos acalma, nos faz como somos, como existimos e, bem ou mal, faz com que sejamos sensíveis demais no modo como percebemos esta coisa, esta incerteza que chamamos de vida. Não somos nada, somos o que somos. Somos apenas existencialistas.


by Laís Scodeler

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Os Cinzentos

Nós queríamos ser sombrios e sinuosos um dia apenas. Ser sombrio e sinuoso todos os dias incomoda. Às vezes a gente se pega imaginado como a vida seria diferente se fossemos menos sombrios, menos sinuosos. Não dá mesmo para saber se conseguiríamos. Ser sombrio e sinuoso é algo que marca, que escurece, que engole. A gente se perde sendo sombrio. Eu me perdi. As coisas se escondem da gente quando tentamos encontra-las e se escancaram quando não queremos vê-las de modo algum. Assim, passamos a confundir o que é para ser visto e o que não é. Vemos coisas onde não tem e cegamos quando devíamos ter visto. Mas, é tudo cinza, tudo sombra. Não dá mesmo para diferenciar uma coisa da outra, posto que, sendo sombrio e sinuoso a gente não diferencia luz e treva, só há, de fato, um meio termo estranho que nos rouba os extremos. Parece que ninguém nos percebe, que ninguém nos identifica verdadeiramente. Nos tornamos, também, um meio termo. Nem bonitos, nem feios: normais.
Conosco, anda sempre uma melancolia, uma tristeza escondida no fundo do peito. Somos cinzentos. Temos pensamentos cinzentos. Sentimos de forma cinzenta. O nosso sofrimento é cinza, mas as nossas dores não se esfumaçam, se solidificam. Não somos sólidos. Somos cinzas. De repente, nos damos conta de que não há um espaço para nós entre as pessoas que sentem os extremos, que notam sua existência. Então, ou nos escondemos ou nos disfarçamos. Quando nos escondemos, não somos questionados. Quando nos disfarçamos, somos descobertos. Nosso disfarce nunca dura muito, porque não lidamos bem com extremos e opostos, somos cinzentos.
O que nos move não é nenhuma certeza de Sol, mas uma indiferença em relação ao nublado. Nem claro, nem escuro. Sombrio. Pouco e muito, tanto faz. Não é isso que importa. Importa o que não se esfumaça, o que não vira vento e o que não se transforma em cinza. Se um moço do Sol se apaixona por uma moça da chuva, com certeza, ele sofre. O oposto não ocorre. Moças da chuva não se apaixonam por moços do Sol. Moças da chuva não se apaixonam, se conformam em não virar fumaça. A gente vira fumaça quando fica só. Quando não tem nem Sol nem Lua e, menos ainda, chuva.
Somos cinzentos não por escolha, mas por condição de vida. Não somos grandes o suficiente para lutar contra as cinzas porque não conseguimos captura-las, elas se vão rápido demais, e nós continuamos aqui. Sombriamente nos questionamos, de vez em quando, mas nossas perguntas também se esfumaçam. Vivemos uma efemeridade de dúvidas para tentarmos nos solidificar...
Não somos preocupados, somos passantes. Não necessariamente vivemos. A vida é vida quando é vivida, não quando apenas se passa por ela. Não vivemos, passamos. Não rimos, não choramos, somos. Erguemos as sobrancelhas e continuamos o trajeto. Também não olhamos para trás. Não é que o medo nos aflige, é que não temos medo, nem temos nada, também. Somos cinzentos e tentamos não esfumaçar, mas nem sempre conseguimos. Nunca é fácil permanecer sólido. Nunca é fácil deixar de ser sombra e cinza. Ser sombra e cinza acomoda...


by Laís Scodeler

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Idas, vindas, partidas e reencontros

Quando nos separamos de uma pessoa querida, sentimos que alguma coisa se quebrou, se partiu. Sendo por motivo de morte ou não, sabemos o quão difícil é romper os laços que adquirimos ao longo de uma convivência intensa e significativa. É doloroso e, por vezes insuportável, saber que alguém que você gosta muito foi ou vai embora, mesmo que saibamos que nos reencontraremos. Dá uma raiva tremenda quando as pessoas decidem partir! A gente se pergunta o porquê, mas não podemos ter todas as respostas, e, por isso, continuamos perguntando!
No momento da partida, dá uma vontade de dizer: “Quem foi que disse que você pode ir?”. Só que nem sempre podemos interferir em tudo. Então, com o coração apertado, a gente segura o grito e diz, quando pode: “Tchau! Vai com Deus e volta logo!”.
Os reencontros fazem com que aprendamos a dar valor na presença daqueles que gostamos, já que daqui a pouco eles terão de voltar seja lá para onde, e nós, ficaremos com aquela sensação de ter uma parte quebrada, partida, novamente. E adivinha o que nos fará alegres de novo? A esperança de um novo reencontro!
As idas, vindas, partidas e os reencontros fazem com que a nossa vida se encha de luz e de novidade! Ao mesmo tempo em que pensamos em alguém que está longe, há um outro alguém pensando em nós! Legal, né?



by Laís Scodeler

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A coisa e a forma certas.

"Quando médicos e enfermeiros não podem fazer a coisa certa.

No mês passado, uma médica que trabalha como consultor de ética conversava comigo sobre uma preocupação crescente no hospital em que trabalha. Médicos e enfermeiros se sentem aprisionados, de acordo com ela, pelas concorrentes demandas de administradores, companhias de seguro, advogados, familiares dos pacientes e qualquer outro. Eles são forçados a um compromisso sobre o que eles acham que é certo para os pacientes.

Ela chamou o problema de 'aflição moral'."

Traduzido da Edição Online do The New York Times
Publicado por Pauline W. Chen, M.D. em 5 de fevereiro de 2009.

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Mais que um problema de médicos e enfermeiros, a aflição moral é um problema constante em nossa vida. Quantas vezes temos que fazer coisas que não queremos fazer, ou que vão contra os nossos pensamentos em nossos dias. Os percalços de nosso emprego, de nossa convivência com vizinhos e dentro da própria casa. Temos que conviver com isso.
Mas, conforme diz a reportagem, gostaria de ressaltar isso na vida dos médicos. Os erros médicos crescem linearmente ao longo tempo. Os processos por erros médicos tem crescido exponencialmente. As vezes é difícil entender o porquê de tudo isso. Acho que as pessoas vêem uma forma de ganhar dinheiro. Muitas vezes impulsionadas por advogados interessados em comissões no resultado de processos que podem render milhares ou até milhões.
Muitos dizem que os médicos se acham deuses. Quanto a alguns, sou obrigado a concordar. Mas os culpados são todas as outras pessoas, que esperam que eles sejam deuses. Não se acredita mais que não é possível salvar a vida de uma pessoa. O médico tem sido obrigado a curar até doenças para as quais não foi descoberta a cura.
Isso, quando não ocorre algo que infelizmente acontece: o paciente ou familiares dele interferem no tratamento prejudicando a cura ou a sobrevida do paciente. O médico está sempre errado.
Falta as pessoas compreenderem que o médico não é um deus. Ele é um ser humano, carregado de emoções, sentimentos e principalmente limitações. É necessário compreender também que erros acontecem, faz-se necessário somente saber se os erros vieram da natureza humana, ou da negligência.
Temos que aprender que a nossa aflição moral é a mesma dos médicos. Quem sabe se pararmos de pensar que eles são deuses que tem a obrigação de nos salvar eles não param também de pensar que o são?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Recomeço

Muitos estão voltando a sua rotina normal hoje. Seja por motivo de trabalho ou estudo, grande parte das pessoas retorna para mais um início, mesmo que, para quase todos, seria realmente interessante aumentar o curto período de férias. Recomeçar é sempre algo complicado, ainda que se esteja querendo fazê-lo. Não é nada simples, por exemplo, mudar de escola ou começar a trabalhar em um novo emprego. Também não é assim tão comum voltar ao lugar de sempre, justamente porque passamos um período significativo afastados da nossa rotina, e, quando voltamos, não somos mais como antes. Se houve ou não viagem, tudo bem. O fato é que, mudamos todos os dias e só a ideia de rever as coisas nos torna, de alguma forma, diferentes. Podemos estar mais ou menos receptivos, podemos querer mais ou menos para o novo ano, podemos ter milhões de planos para aproveitar o tempo ou podemos, às vezes porque ainda não descobrimos de verdade o que queremos poder, estar conformados com o estilo de vida que levamos. Ou melhor, que trazemos conosco e que repartimos com os que nos cercam. No final de tudo, o mais importante é estar consciente de que um retorno é sempre um retorno. Sim. Pode ser um novo início literalmente falando e, também, pode ser um recomeçar, um reciclar de pensamentos que faz parte de cada nova vivência. Lembre-se, caso esteja de volta, que o que você fizer ou o que os outros farão do seu retorno depende, expressivamente, de como você estará recomeçando. Aproveite!



by Laís Scodeler

domingo, 21 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal

Todo o ano é a mesma coisa. Natal, Papai Noel, presentes, abraços, mensagens festivas. Mas quem inventou o Natal?
Quem narrou primeiro a história de um menino nascendo numa manjedoura há mais de 2000 anos? Quem fez isso? Prendam-no. Ele deu asas pra que criassem uma mentira na qual bilhões de pessoas acreditam hoje.
Não, não estou falando se Jesus realmente existiu, se ele era filho de Deus ou não. A crença é livre, acreditem no que lhes faça bem. E se alguém conseguir provas de que alguma religião esteja certa, queime-as por favor. Se provares que ele não era Deus então, queime o mais rápido possível. Todas as religiões e também os ateus estão corretos.
Mas inventaram essa data. Fazer o quê? Não comemorá-la? Tolice. A data é bonita. O problema foi tudo que inventaram junto com ela.
Inventaram a mentira que esse deveria ser o grande tempo de reconciliação, tempo de amor, de paz, de presentear aqueles de que nós gostamos. Tudo muito bonito. Mas esqueceram dos outros 364(5) dias do ano.
E cada vez o mundo se deteriora. Culpem o Natal. Só seremos realmente felizes quando nos reconciliarmos o ano inteiro, quando nos amarmos o ano inteiro, quando tivermos paz todos os dias do ano, sem exceção.
Quanto aos presentes, não ligo pra eles, queria apenas esse: amor. Não vamos nos prender a datas. Temos 365(6) dias, por que tudo isso tem que acontecer em um só?
E a mensagem de natal?
Amem-se mais. O resto é consequência.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vai com Deus, 2008. Seja bem-vindo, 2009.

Todo final de ano as pessoas costumam fazer uma retrospectiva do que aconteceu. Bom, nesse blog não será diferente. Mas vale fazer a retrospectiva das postagens do blog, se o que previmos deu certo ou deu errado.

A primeira postagem foi só apresentação, relembraremos mais tarde. Depois, em janeiro falamos sobre o futebol. E acertamos a maioria das previsões. O São Paulo, bem, foi conduzido ao título pela arbitragem, mas acertamos ao dizer que não tinha o mesmo brilho dos anos anteriores. Acertamos ao prever um ano de vacas magras para o Santos e um ano feliz para o Palmeiras. Mas o maior acerto, foi a decepção vascaína. Que vivam bem na Segunda Divisão!
Depois, falamos dos desconhecidos da eleição americana. No final, vitória daquele que era o de ascensão mais meteórica: Barack Obama. Agora, ficam os votos para que ele não seja apenas o primeiro presidente negro dos EUA, mas um dos melhores presidentes que aquele país já teve.
Depois, tratamos de dois temas polêmicos: a questão penitenciária e a violência no trânsito. A primeira, sem solução. A segunda, com um projeto aprovado ao longo do ano, a Lei Seca. De início foi uma maravilha, mas depois... voltou tudo ao que era antes: acidentes e mais acidentes, feridos e mais feridos, mortos e mais mortos.
O ano foi passando, fevereiro se foi, o Carnaval passou, com mais um título duvidoso da Beija-Flor, bem, detalhes.
No início do ano, Hamilton foi alvo de racismo, relatado aqui. No final, terminou como o campeão mais jovem da história da F1, após um GP do Brasil alucinante, no qual o piloto inglês conquistou o título apenas na última curva.
Ângela Bismarchi fez suas plásticas, reconstruiu seu hímen. Espero que o marido dela tenha feito bom proveito. Vai saber...
Preta Gil processou o Google, o Google lucrou mais e tudo ficou numa boa. Mas ainda acho que aquele "atriz" ficou meio mal.
Uma coisa mudou. Ou não. 49 anos depois, Fidel renunciou e deixou seu irmão no lugar. No fim, a ditadura continuou.
O fato triste foi que eu continuei freqüentando os pontos de ônibus. Novas histórias é claro, vieram, mas além disso muito tempo foi perdido. Mais triste ainda foi confirmar, a fatia de tomate ou caqui no salgadinho de ovo de codorna realmente ficou pra trás.
Então veio a faculdade. Acho que nos saímos bem. As vezes o blog ficou meio esquecido, mas pedimos desculpas.
Ingrid Betancourt foi liberada. Você nem se lembrava mais disso, não é verdade? Pois é, a ex-candidata a presidente da Colômbia foi libertada pelas FARC.
Bejani foi preso. Sim, isso tem causado um tempo de vacas magras na cidade. O roubo foi grande, o rombo impressionante. O novo prefeito tem tentado colocar as finanças do lugar, mas a custo de vários projetos paralizados. Mas fica a alegria em ver Juiz de Fora livre desse crápula.
E o sonho da casa própria foi globalizado. Estorou a crise. Lula garantiu que não chegaria ao Brasil mas, foi inevitável. É verdade que o país não foi tão afetado como em anos anteriores.
Zélia Gattai foi ao encontro de Jorge Amado. O céu está mais feliz. A Terra perde mais uma grande escritora.
A Lei, continuou sendo errônea, privilegiando pessoas que não deveriam ser privilegiadas. O Barcelona jogou dinheiro fora, contratando Daniel Alves. A Fé, cada vez mais forte. O incentivo ao Handebol, cada vez menor.
Dercy morreu. Sim, você não acreditava que isso fosse possível, mas aconteceu. Vieram as olimpíadas. Phelps se tornou o maior atleta de todos os tempo. Mas continuo achando que valeu mais o único ouro de César Cielo. Houve também o ouro de Maurren Maggi e o ouro do Voleibol feminino. O futebol, mais uma vez fez feio. E dessa vez fez feio com força: eliminado pela Argentina com um sonoro 3x0.
Saímos de 2008 melhores que entramos e esperamos que 2009 seja melhor ainda. Como disse no primeiro post: "every little thing, is gonna be alright".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Invento Perfeito

O Invento Perfeito -
Ao Abdo, com carinho...


Ai! Como é boa a juventude!
-Frêmito constante de inquietação:
um roçar de rostos, mãos e pernas cheias de atitude...
que se não mata, morre do coração!

A chama engole e domina a gente
num instante tonto que também é morte
e o desejo vem mais doido, mais insistente
para queimar quem é vivo, quem é morto, quem é fraco e quem é forte!

Num misto de loucura e ansiedade
movimentam-se corpos em loucas posições:
-delírio, gozo, vontade...
carícias e arrepios de impuras depravações!

Fantasias noturnas transitam gemendo
sangue, vinho e fetiche ofegam a respiração...
e é sempre um vai e vem de fogo ardendo
quando a luxúria enche o peito de tesão!

É luz é dor é deleite:
(fervem e excitam mil repetições...)
é espuma doce, brancura de leite
que traz aos lábios densas sensações!

Um clarão invade o cômodo em treva
e ilumina com volúpia a escuridão:
-a alma vai atrás da sombra que a leva
até o auge da mais elevada satisfação!

Os olhos se fecham no silêncio de ruídos entrelaçados
de onde saem todas as palpitações...
Ai! Como gritam e desejam estes dedos apertados
presos entre inúmeras elevações!

É magia, sortilégio, feitiço, insanidade
sacrifício impuro de sedução
é chegada a hora da verdade
é o segredo escondido da penetração!

São dantescos os sons do ato envolvente
daqueles que amam e vivem pelo prazer...
“mais uma vez, mais uma vez”, -suplicam, ardentes
até depois deste e do próximo amanhecer!

A isso não se hesita nem se tem desdém
por cima, por baixo, em qualquer direção...
-Vamos todos juntos dizer “amém”
Ao mais perfeito invento de toda a criação!




by Laís Scodeler


PS: Não, Abdo e eu não temos um caso.
PS2: Há uma diferença entre eu lírico e autor empírico.
PS3: O Chicão respeita a liberdade de expressão, por isso que eu postei esse poema.
PS4: VASCO NA 2ª DIVISÃO!!!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Desprezo

Desprezo era um lugarejo. Acho que lugar desprezado é mais triste do que abandonado. Não sei por quê caminhos o mundo me tirou do Desprezo para este Posto de gasolina na estrada que vai para São Paulo. Acho quase um milagre. Quando a gente morava no Desprezo ele já era desprezado. Restavam três casas em pé. E três famílias com oito guris que corriam pelas estradas já cobertas de mato. Eu era um dos oito guris. Agora estou aqui botando gasolina para os potentados. Naquele tempo do Desprezo eu queria ser chão, isto ser: para que em mim as árvores crescessem. Para que sobre mim as conchas se formassem. Eu queria ser chão no tempo do Desprezo para que em mim os rios corressem. Me lembro que os moradores do Desprezo, incluindo os oito guris, todos queriam ser aves ou coisas ou novas pessoas. Isso quer dizer que os moradores do Desprezo queriam ficar livres para outros seres. Até ser chão servia como era o meu caso. Ninguém era responsável pelas preferências dos outros. Nem isso era uma brincadeira. Podia ser um sonho saído do Desprezo. Uma senhora de nome Ana Belona queria ser árvore para ter gorjeios. Ela falou que não queria mais moer solidão. Tinha um homem com o olhar sujo de dor que catava o cisco mais nobre do lugar para construir outra casa. Não sei por quê aquele homem com olhar sujo de dor queria permanecer no Desprezo. Eu não sei nada sobre as grandes coisas do mundo, mas sobre as pequenas eu sei menos.


– VII - Desprezo, in Memórias Inventadas — Segunda Infância, por Manoel de Barros

domingo, 19 de outubro de 2008

7 anos

Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Eu corro fujo desta sombra
Em sonhos vejo este passado
E na parede do meu quarto
ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
o pensamento em você...

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

(Tim Maia)

Eu sempre vou te amar! Onde quer que sua estrela esteja brilhando agora!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dia dos Prefessores

Qualquer um sabe o quão difícil é ser professor, principalmente nos países que investem pouco em educação! Mas, ainda sim, vale ressaltar a nobreza e a importância desta profissão, especialmente quando sabemos das dificuldades que ela traz consigo. Ao mesmo tempo, é fato que não se tem apenas tristezas, afinal, inúmeros alunos são motivo de orgulho. A minha curta experiência pode comprovar isso...no final de tudo, vale a pena! Como Fernando Pessoa nos disse: "...Tudo vale a pena/Se alma não é pequena..."

Aos nossos professores, um grande abraço!


by Laís Scodeler

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Os quatro elementos

Não sei se os que dizem que a água lava e leva tudo têm, de todo, razão. Quando cometemos erros absurdos e passíveis à vergonha, pensamos logo que, um dia, poderemos enxergá-los como borrões na memória. Entretanto, os que cometem erros também sabem que, na maioria das vezes, por mais que tentemos apagar determinados fatos ou impressões de fatos, não obtemos sucesso. Sucesso, aqui, consiste em não-lembrança, o que difere, e muito, de esquecimento. A não-lembrança implica apagar completamente o que ocorreu da mente, como se, realmente, nunca tivesse ocorrido. O esquecimento não tem, em si, todas as características do não-lembrar, visto que, nele, mesmo que não lembremos, os fatos passados ainda permanecem conosco.
Não, a água não lava e, menos ainda, leva tudo. O tempo ainda tem seus méritos, mas eles se perdem e sucumbem ao próprio tempo. Pois, com o tempo, até o que se apagou com o tempo volta a nos atormentar, e, mais tempo levamos para perceber que nem o tempo destrói as marcas do que se consolidou pelos nossos atos...
Fácil seria se pudéssemos atirar ao vento tudo o que nos faz menos completos, menos sensíveis, menos humanos. No entanto, nem mesmo o vento é capaz de engolir tanta coisa. O vento é vento porque não tem culpa de si, nem de ser, diferentemente dos homens, que são sem poderem ser de verdade. Ser de verdade não é existir materialmente, mas entender que a água ou o tempo não são donos dos nossos pensamentos e, tampouco, das nossas ações. E, se é assim, não podemos, portanto, simplesmente atirar a eles o que não queremos mais.
Quando não queremos mais determinados sentimentos, lembranças e impressões, tendemos a nos esforçar para submetê-los ao nosso cômodo e quase impossível não-lembrar. Essa é, sem dúvida, a pior maneira de lidar com o que nos aflige. Uns dizem que devemos encarar a vida, outros, que o tempo cuida de tudo...será?
Há, ainda, aqueles que preferem queimar recordações, como se o fogo pudesse reduzir a cinzas todo e qualquer vestígio do que passou. Se nem a água e nem o vento aceitam, de fato, o que não lhes pertence, por que o fogo se prestaria a isso?
Nem água, nem vento, nem fogo. O que dá certo mesmo é enterrar tudo e ponto final...Bom, não. Isso também não resolve nada. Se o passado pudesse ser enterrado, não existiria, quase, infelicidade, visto que as pessoas enterrariam suas tristezas cada vez que as tivessem. Como sabemos que isso é puramente irreal, anulamos mais uma forma de não-lembrar.
No final de tudo, percebemos que não se pode apagar o que nos faz mal, já que, por mais terríveis que sejam, as nossas dores fazem com que tenhamos uma história. Toda história real e verdadeira precisa de fatos reais e verdadeiros, ainda que nos doa possuí-los. Claro que é necessário fugir, fantasiar, deixar a água levar, jogar ao vento, deixar o fogo queimar e claro, enterrar experiências ruins, ainda que saibamos que o que faz parte de nós não pode, de fato, ser apagado por nada, simplesmente porque faz parte de nós e do que nos faz, a cada ferida assoprada, a cada lágrima derramada, seres humanos.


by Laís Scodeler

sábado, 27 de setembro de 2008

100!

Ei! Para você que não sabe, o idéias em desacerto está comemorando 8 meses! Ele foi criado em 26/01/08 e desde então teve 99 posts, chegando agora ao seu 100º!
Ao se chegar a uma data comemorativa como essa em nossa vida, temos sempre que manifestar nossa alegria, rever os nossos erros e agradecer a quem nos fez chegar aqui. 100 posts são para poucos. E queremos chegar muito mais longe.
Manifestar nossa alegria não é difícil, pois para um projeto em que nem eu acreditava muito, que para mim era só mais uma válvula de escape, fomos muito longe. Minha particular felicidade reside nos números: são 2.572 visitas desde então no blog, originadas de 28 países diferentes! Minha felicidade está também em poder ter a Laís ao meu lado no blog, uma escritora de qualidade reconhecida por todos que lêem seus textos.
Quanto a nossos erros, temos de reconhecer o quanto nossos textos (principalmente os meus) desagradam a alguns, ou simplesmente deixam de agradar. Apenas peço que relevem, pois não sou escritor, apenas quero expor minhas idéias que, conforme diz o próprio nome do blog, são um desacerto constante. Temos também que pedir desculpas pelo lapso de tempo que ficamos sem escrever (eu por exemplo não escrevia há um mês), mas a vida não é fácil. O estudo tem nos dificultado a vinda até esse espaço.
Os demais erros que, com certeza virão, serão discutidos entre eu e a Laís, objetivando, claro um blog cada vez melhor, e, peço a vocês que lêem, qualquer erro que repararem ou algo que não esteja agradando, POR FAVOR, falem comigo ou com a Laís, ou usem o espaço dos comentários. Precisamos também da ajuda de vocês.
Enfim, se chegamos hoje ao 100º post, é graças a cada um de vocês, dos quais não vou citar nomes, até mesmo porque alguns leitores do blog nos são anônimos. Obrigado simplesmente pelas visitas, pelos comentários quando possíveis e pelas palavras de apoio que recebemos muitas vezes.
Continuem apoiando esse desacerto, mesmo que às vezes ele não seja agradável. Obrigado a todos vocês e parabéns pra nós! Tenham certeza que o trabalho duro não acaba aqui! Rumo ao post 200 agora!