sábado, 1 de março de 2008

É preciso ir além...

As pessoas do nosso tempo têm se tornado cada vez mais individualistas e, por conseguinte, mais solitárias. Muitos culpam o capitalismo, outros vão um pouco além e culpam a si mesmos...mas, será que há um culpado certo? A resposta para esse questionamento não é, obviamente, universal, mas, discutível.
Num mundo onde cada milímetro de espaço (físico, intelectual, econômico, político...) existente é disputado, não há como não pensar em si e, por vezes, esquecer os outros. Pensamos em concorrência todo o tempo, ela existe não só no vestibular, mas na vida. Entretanto, quantas vezes realmente paramos para analisar os nossos concorrentes? Não analisá-los enquanto concorrentes, mas na ‘simples’ condição de seres humanos...ou, pior ainda, quantas vezes os enxergamos como sendo nossos irmãos? É...eu sei que essa conversa é meio clássica e que tem sempre um programa de TV falando algo assim, mas quem realmente presta atenção no assunto?
É muito fácil julgar e condenar as pessoas, difícil é entendê-las como são e, pior ainda é ver além do que elas nos mostram. No mar de concorrência no qual todos estamos mergulhados, deixamos de pensar em muitas coisas e, uma delas, talvez a mais esquecida, é a empatia. Sabe aquela coisa de se imaginar no lugar dos outros? Então...é isso aí! Quantos ainda fazem isso? Boa pergunta, né?
Hoje em dia as aparências estão cada vez mais em alta...julgar com base nelas então é o canal. Por que será? Ora... será pela facilidade que isso representa? Ou será que é só por preguiça mesmo? Bom...a resposta desse questionamento é individual. O fato é que nem todos sabem identificar as próprias qualidades e, menos ainda, lidar com os próprios defeitos, então, como é possível enxergar de verdade o outro? Aí vem a tal da empatia de novo...que coisa chata, né? Não bastasse tudo o que sofremos, ainda temos que sentir pelos outros também? É...é essa a idéia que nos torna sensíveis e diferentes.
Em geral, podemos analisar as pessoas como sendo casas. Todas têm uma fachada e um interior ( dã...isso é óbvio...), contudo, nem sempre há um jardim nelas. E, quando há um jardim, o que podemos encontrar nele? Qdo brigamos com alguém, por exemplo, nem sempre sabemos o que há no seu porão, e, menos ainda, o que há no seu jardim. Sabemos, porém, que temos janelas. Sim, todos temos janelas. Todos somos capazes de deixar a luz entrar e, melhor ainda, de iluminar. Antes do julgamento ou da condenação, podemos tentar invadir os porões alheios e ver de perto o que eles guardam. Em alguns encontraremos ratos, em outros encontraremos tristeza, medo, indiferença e até escuridão...só escuridão...o que será pior? Pior mesmo é não procurar, não ir além do que nos mostram, não abrir as janelas, não cultivar um jardim...
Ainda que seja complicado, já é hora de buscar algo a mais...de achar qualidades que não são nossas, de reconhecer, acima de tudo, que as diferenças existem e que os que são diferentes o são para que o mundo seja, antes de tudo, diversificado e cheio de opções. Não dá pra aceitarmos só um lugarzinho no banco da indiferença e simplesmente não procurar nada a mais do que já encontramos.

Laís Scodeler

2 comentários:

Marcelo Sobrinho disse...

Muito bom texto Laís...já tá se saindo uma Clarice Lispector por aqui hein. Ou melhor, uma Simone de Beauvoir!!!!! Parabéns por sua escrita sempre cheia de subjetividade e toque humanista!!! Da sua obra só me falta ler os contos hehehehe. Mas ainda o farei!!!

Bjo, Laís de Beauvoir!!!

Espiga disse...

É... Tá bom mesmo o negócioa aí, né? Eu já tô reconsiderando a proposta sobre comprar o seu livro de auto-ajuda. =P Comprar, ler já é um passo mais avançado.

Massa a alegoria da casa. Legal mesmo. Observando aqui, dando pitaco no texto, ainda tem os casos em que as casas, por falta de visitas e luz, acabam por ter sua estrutura gravemente comprometida - algumas chegam ruir. (é, eu ando meio pessimista esses dias).
Faltariam engenheiros?
É, o mercado de trabalho para as tecnologias no Brasil tá em déficit e... ah, não vem ao caso, já deixou de ser alegoria.
Voltando à casa... também é necessário uma janela no primeiro andar, pra poder enxergar sempre mais longe, né? (é, fugi do assunto mesmo... não tem como eu pensar em uma coisa melhor hoje).

Muito bom mesmo. Dá muito bem pra expandir o assunto por um bom tempo.
Coloquemos isso em pauta no nosso próximo encontro (uuuuuuhh...).
haiuahiauhaih
=**

Pedro Esperidião dos Santos Neto