domingo, 17 de agosto de 2008

Citius, altius, fortius

Incontestável. Bárbaro. Magnífico. Faltam adjetivos para definir Michael Fred Phelps II, ou simplesmente Michael Phelps, ou ainda, o maior atleta de todos os tempos. Os números dizem mais que qualquer outro argumento que eu possa apresentar aqui: 16 medalhas olímpicas em 17 provas disputadas. 14 de ouro e 2 de bronze. A prova que ele não ganhou medalha? Nas olimpíadas de Sydney (2000), Phelps tinha 15 anos de idade e chegou em quinto nos 200m borboleta. De lá pra cá, Atenas (2004) e Beijing (2008), 14 ouros em 16 provas. Sendo 8 dessas medalhas de ouro nos jogos de Beijing, superando o recorde do também americano Mark Spitz, que havia ganhado 7 medalhas de ouro nos jogos de Munique (1972). Nessas 8 provas, Phelps bateu 7 recordes mundiais e 1 recorde olímpico. Incrível.
Mesmo diante de tamanho poderio, cabe a nós exaltar uma conquista. Um atleta que conquistou "apenas" 1 ouro e 1 bronze: o brasileiro César Cielo Filho. Ouro nos 50m livre, o que faz de Cielo o nadador mais rápido do planeta. E ainda, bronze nos 100m livre, mesmo tendo largado na raia 8, a raia de quem se classifica com o pior tempo para as finais.
Sempre que um brasileiro chega ao lugar mais alto do pódio, a primeira palavra que vem à cabeça é superação. Todos nós sabemos o quanto é difícil chegar ao ouro olímpico, sobretudo para quem vem de um país que valoriza tão pouco o esporte. E a própria história de Cielo mostra essa dificuldade. Ele teve que abandonar a família no Brasil e ir para Auburn nos Estados Unidos, para conseguir treinar em alto nível. Seu choro é o mais certo e compreensível. Esforço, saudade, tudo recompensado agora. Como disse o próprio Cielo, “era um sonho meu de criança. Nunca imaginei que eu fosse chegar onde eu estou hoje. Eu sou campeão olímpico”. Muitos brasileiros têm esse sonho. Mas essa medalha é mais uma prova de que vivemos em um país que pode dar certo. Determinação e vontade nunca faltaram nem nunca faltarão aos brasileiros.
E durante um momento, essas duas histórias se cruzaram. Enquanto Cielo entrava para nadar os 50m livre objetivando a primeira vitória da história da natação brasileira em Olimpíadas, Phelps voltava do pódio, após receber a sua 13ª medalha de ouro e disse ao brasileiro: "Cara, você viu o que eu fiz? Fui lá e ganhei por um centésimo. Você vai ganhar por um centésimo ou vai perder por um centésimo? Então vai lá e bate na parede". Não foi um centésimo. Foram 15 de vantagem para o francês Amaury Levaux e um recorde olímpico, já pertencente ao próprio Cielo, batido. A concentração de Cielo e as eficientes braçadas o levaram ao local mais alto. Não importa se foram 14 ouros ou se foi 1. Os dois fizeram história à sua maneira. Mas ouvir o hino nacional brasileiro, ahh, foi muito melhor, mesmo que tenha sido apenas uma vez.

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